O Governo brasileiro demonstrou nesta quarta-feira pouco interesse no facto de a União Europeia (UE) poder ser observadora nas próximas eleições presidenciais do país, em outubro.

“No que toca a eventual convite para missão da União Europeia, o Ministério das Relações Exteriores recorda não ser da tradição do Brasil ser avaliado por organização internacional da qual não faz parte”, indicou o Ministério das Relações Exteriores brasileiro, em comunicado.

Esta resposta do Governo brasileiro surge depois de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil ter anunciado que, pela primeira vez na história, convidou representantes da União Europeia para observar as próximas eleições do país.

Segundo a Associated Press, o convite das autoridades eleitorais brasileiras à UE, confirmado na noite de segunda-feira, visa “ampliar a transparência do seu sistema eleitoral e tornar possível a cooperação”.

Na nota divulgada hoje, o Governo brasileiro disse, contudo, que no diálogo com o Tribunal Superior Eleitoral têm sido abordados apenas os “convites para a Organização dos Estados Americanos (OEA), a exemplo das eleições de 2018 e 2020, e entendimentos preliminares com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o Parlamento do Mercosul (Parlasur) e organismos especializados como o Carter Center e a União Interamericana de Organismos Eleitorais (UNIORE)”.

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O convite à União Europeia por parte do Tribunal Superior Eleitoral surge numa altura em que o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que procurará a reeleição, tem acusado repetidamente membros da autoridade eleitoral de favorecer o seu rival, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e insistiu que o sistema de votação eletrónica do país não é confiável.

Bolsonaro, que está muito atrás de Lula da Silva nas sondagens, nunca forneceu provas para as suas alegações, que foram repetidamente contestadas.

O Brasil utiliza um sistema de votação em urnas eletrónicas desde 1996 e nunca houve nenhuma irregularidade comprovada.