Independentemente do dia em que olhemos para a lua, o lado visível deste corpo celeste que ilumina a noite é sempre o mesmo. Entre pequenos pontos que parecem mais luminosos e largas áreas mais escuras, o lado mais próximo é bastante diferente do lado escuro do satélite natural.

Durante décadas, os cientistas têm-se interrogado sobre a razão para a lua ter duas faces distintas. A resposta pode ter surgido agora.

Uma equipa de investigadores da Universidade de Brown estudou a maior cratera do satélite, conhecida como South Pole-Aitken (SPA), e descobriu que o impacto que a terá formado criou um fluxo de calor que se espalhou pelo interior da lua e moveu materiais específicos para o lado visível da Terra. Teriam sido estes materiais os responsáveis pela intensa atividade vulcânica que caracterizou esta face da lua há milhões de anos. As planícies vulcânicas — conhecidas como lunar mare– conferem o tom escuro às áreas visíveis do nosso planeta.

O que mostrámos foi que , em todas as hipóteses plausíveis para a formação da SPA, estes elementos que produzem calor acabaram sempre por se concentrar na face mais próxima”, explicou em comunicado Matt Jones, autor principal do estudo. “Acreditamos que tal tenha contribuído para o manto de matéria derretida que produziu os fluxos de lava [solidificada] que vemos na superfície.”

Estas planícies estão repletas de um material conhecido como Procellarum KREEP terrane (PKT) – conjunto de elementos que incluem potássio, raros elementos terrestres e fósforo – que não se encontram noutras zonas da lua.

“Como o PKT se formou é provavelmente a maior questão em aberto na ciência da lua”, explicou Matt Jones. “O South Pole-Aitken é um dos maiores eventos da história da lua. Este estudo conseguiu aproximar esses dois elementos, e acho que os nossos resultados são bastante entusiasmantes”, concluiu.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR