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Uma mulher extraordinária, uma mulher doce, mãe. As reações à morte da atriz Eunice Muñoz que a recordam como uma pessoa maternal. E o próprio teatro.

A atriz Eunice Muñoz morreu esta sexta-feira, no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, aos 93 anos, disse à agência Lusa o filho da atriz. Na próxima segunda-feira iniciam-se as exéquias fúnebres, com o corpo da atriz a ficar em câmara ardente na Basílica da Estrela, em Lisboa, a partir das 17h00 de segunda-feira, segundo avança a Lusa. O funeral será no dia seguinte, dia de luto nacional, com uma missa de corpo presente entre as 15 horas e 16 horas na Basílica da Estrela. A  cerimónia de cremação está prevista para as 17 horas desse mesmo dia, no cemitério do Alto de São João.

Já a Câmara de Oeiras, em Lisboa, decretou três dias de luto municipal pela morte da atriz para “expressar o reconhecimento ao inquestionável contributo que deu ao concelho e ao país”.

Morreu Eunice Muñoz. A estrela maior do teatro português tinha 93 anos

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Marcelo Rebelo de Sousa agradece “décadas inesquecíveis”

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, prestou esta sexta-feira “emocionada homenagem” à atriz Eunice Muñoz e agradeceu-lhe “décadas inesquecíveis”, em nome de todos os portugueses, lamentando a sua morte com profunda consternação.

“É profundamente consternado que tomo conhecimento da morte de Eunice Muñoz, uma referência nacional, admirada e respeitada por todos os portugueses”, declarou o chefe de Estado à agência Lusa.

“Em seu nome, presto-lhe uma emocionada homenagem e agradeço décadas inesquecíveis da vida de todos nós“, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.

No final da cerimónia alusiva à partida da força militar portuguesa para a Roménia, no âmbito de uma missão da NATO, Marcelo Rebelo de Sousa prestou breves declarações aos jornalistas sobre o percurso da atriz Eunice Muñoz.

Portugal está de luto. Habituámo-nos à ideia de Eunice Munõz era eterna. Fisicamente não é. Resistiu a uma, duas, três, quatro crises de saúde. Mas é eterna no nosso espírito e não a esqueceremos”, afirmou o chefe de Estado.

Para o Presidente da República, Eunice Muñoz marcou a vida dos portugueses “ao longo de muitas décadas”.

“Em nome de todos os portugueses, queria agradecer-lhe uma vida dedicada ao teatro, mas também ao cinema, à televisão e à cultura em Portugal. Uma vida dedicada aos portugueses. Não a esquecemos, nunca a esqueceremos, estará sempre no nosso coração”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.

António Costa: “Marcou de forma definitiva o teatro português”

António Costa, primeiro-ministro, também no Twitter expressou o pesar: “Eunice Muñoz marcou de forma definitiva o teatro português, trabalhando com os mais importantes encenadores e companhias, sem nunca deixar de se renovar, de se reinventar, de conquistar gerações sucessivas” e diz que “a comunhão com o público foi uma constante ao longo da sua carreira, crente de que o teatro só faz sentido se for feito em função dos outros. Eunice, muito obrigado por tudo o que fez pelo teatro e pela cultura portuguesa.

Carlos Avilez: “Uma mulher extraordinária”

Carlos Avilez, encenador e diretor do Teatro Experimental de Cascais, que trabalho com Muñoz “muitas vezes”, e recorda-a à Rádio Observador como uma pessoa “atriz genial, uma mulher extraordinária, é das pessoas mais fascinantes que conheci na minha vida. Não há palavras. Era extraordinária, uma atriz espantosa, uma mulher, uma mãe, tudo o que possa imaginar de bom, que combinava. Eunice, Eunice, Eunice”, diz ao emocionar-se.

“Fizemos grandes espetáculos e êxitos, tanta coisa que nos ligou e nos uniu”, e nota a enorme admiração. “Era uma pessoa muito importante para mim, para o teatro”, acrescentando que “era um prazer vê-la representar. Dava tudo”, e “era uma mulher de palco, era o teatro, era o próprio teatro. Vivia para o palco e o palco vivia com ela. Quando entrava era uma luz, uma dimensão enorme”.

Carlos Avilez tinha falado ao telefone com a atriz há quatro ou cinco dias, por isso diz que não estava à espera desta notícia. “Era um prazer estar a falar com ela”, diz, realçando o som modo maternal. “Recordo-me os momentos todos que passei com ela”.

“Era uma atriz que dava tudo”. Carlos Avillez sobre Eunice Muñoz

Ruy de Carvalho e a última vez que dançou com Eunice Muñoz

Um vídeo e uma despedida: “Esta foi a última vez que dançámos juntos.. Minha irmã, minha amiga, partiste sem me despedir de ti. Tu serás eterna”. Esta foi a reação do ator Ruy de Carvalho.

Pedro Penim: “Eunice era a coluna do teatro português”

“Fica tudo. A Eunice era a coluna do teatro português”, realça Pedro Penim, diretor do Teatro Nacional D. Maria II, onde Eunice Muñoz se estreou com 14 anos, a 28 de novembro de 1941. No ano passado despediu-se dos palcos nesse mesmo dia na Casa de Garrett. “Foi um privilégio enorme ter estado com ela. Estava feliz. O teatro abanava quando a Eunice chegava. As pessoas mudavam de atitude. Toda a atividade do teatro parecia que se mexia quando se aproximava. Isso é uma razão para perceber que a história daquele teatro se confunde com a história de Eunice”.

Fala em perda irreparável. “Todos os portugueses têm hoje motivos para hoje se sentirem muito tristes”.

Diretor do Teatro Nacional D. Maria II, recorda a última subida ao palco de Eunice Muñoz. “Disse-me que estava muito feliz. Ficou a olhar muito tempo para o palco, para a plateia, esteve a fazer um reconhecimento do palco em silêncio. Foi um momento muito cerimonial, muito bonito, como se fosse esse regresso a um sítio a que se pertence e parecia que o próprio teatro se tinha silenciado para receber a D. Eunice naquele palco. Depois, durante a cerimónia, percebeu-se que estava muito contente”.

Foi-lhe oferecida uma imagem desse seu momento de estreia no “Vendaval”.

Agora, sendo ainda cedo para adiantar as ações ou os momentos de homenagem que possa vir a ser feitos, Pedro Penim não deixa de salientar: “O teatro era, é e será sempre a casa da Eunice. Não ficará por assinalar esta data triste”.

“A coluna do teatro português”. Pedro Penim sobre Eunice Munõz

Filipe La Féria: “Deixou o seu instinto genial, a sua alma e o seu incomparável talento”

“Hoje o pano de boca do Teatro desceu e as luzes apagaram-se. Fedra, Sarah Bernhardt, a Mãe Coragem, a Dama das Camélias agradeceram os aplausos e desapareceram no labirinto dos corredores dos camarins”, escreve Filipe La Féria, numa mensagem de reação, enumerando algumas das suas mais importantes personagens, interpretadas em 80 anos de carreira.

“Muito da nossa vida Eunice levou com ela. A todos os atores e ao público de várias gerações, deixou o seu instinto genial, a sua alma e o seu incomparável talento. Ela leva consigo muito dos mais belos e emocionantes momentos das nossas vidas. Os seus olhos de deusa, a sua voz, o seu tão doce coração, o seu talento de fogo, a inteligência e sensibilidade de grande atriz”, escreve o encenador que a dirigiu em “Passa por mim no Rossio”, em 1991.

Além deste musical, que esteve no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, e tinha em Eunice Muñoz uma das protagonistas, Filipe La Féria dirigiu-a igualmente em “A casa do lago”, de Ernest Thompson, em 2002, numa adaptação da peça celebrizada no cinema por Henry Fonda e Katharine Hepburn, com o realizador Mark Rydell.

Trinta anos mais cedo, em 1972, Eunice Muñoz e Filipe La Féria contracenaram em “As Criadas”, de Jean Genet, uma tradução de Luiza Neto Jorge, posta em cena no Teatro Experimental de Cascais, pelo encenador argentino Victor Garcia, com assistência de La Féria e Nuria Espert, hoje considerada “a grande dama” do teatro espanhol.

“Eunice nasceu de uma família de atores que deambulavam de terra em terra, num teatro desmontável pelas aldeias e vilas do Alentejo. Quando via o seu avô representar personagens dramáticas, a pequena Eunice assustava-se e fugia pelos campos. A sua mãe, Mimi Muñoz, tinha a sua Companhia de Teatro [Troupe Carmo], que já vinha dos seus avós”, recorda hoje La Féria. O encenador acrescenta que “Eunice nasceu no palco e o palco seria o seu irrevogável destino”.

“A ele deu inteira a sua vida, a alma, o corpo, sempre arriscando e renovando-se em casa personagem que criava. Eunice tinha dentro de si vários heterónimos e uma sensibilidade que a fazia compreender os mistérios insondáveis do ser humano”, refere.

La Féria despede-se da amiga com um “obrigado” e um “até já”, descrevendo-a como “alegre, cómica, triste, filha ideal da Tragédia” – Eunice Muñoz, diz, “guardava no seu grande coração a estrela imortal do Teatro”.

Augusto Santos Silva fala de “inigualável” senhora dos palcos

O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, também através do Twitter fala da “inigualável senhora dos palcos”.

“Deixou-nos há pouco Eunice Munoz, a inigualável senhora dos palcos portugueses. Sem ela, a nossa cultura teria sido mais pobre. Honremos a sua memória, continuando a celebrar o teatro”.

Diogo Infante: “A maior atriz portuguesa de todos os tempos”

O diretor artístico do Teatro da Trindade, Diogo Infante, considerou Eunice Muñoz a “maior atriz portuguesa de todos os tempos”, manifestando-se “desolado” com a sua morte. “O seu lugar há muito que está reservado nos anais da história. A maior atriz portuguesa de todos os tempos”, salientou o ator, num texto publicado na rede social Facebook.

Diogo Infante considerou ainda que, “verdadeiramente, a Eunice [Muñoz] não partiu, porque é eterna” e salientou o “enorme privilégio de ter feito parte” da sua vida.

Mais tarde, em declarações à TVI, o ator salientou o “talento inato” de Eunice Muñoz, o “enorme potencial como um enorme diamante bruto que foi lapidando ao longo dos anos”. “A Eunice tinha aquela energia régia que quando entrava e chegava atraía atenções para si com uma enorme humildade”, disse. Por isso, considera que “merece todas as honras, mordomias e homenagens”. E terminou: “Espero que ela acabe no Panteão Nacional“.

Júlio Isidro: “Para mim foi uma amiga a quem eu carinhosamente tratava por minha namorada”

“Hoje é sexta-feira de paixão”, e por isso Júlio Isidro diz que Eunice Muñoz deixa como legado precisamente a paixão. “Eunice Muñoz foi muito mais do que aquilo que nós a vimos no palco. É muito mais do que aquilo que a vimos no palco. Foi uma mulher esplendorosa, uma mãe absolutamente fora de série. Para mim foi uma amiga a quem eu carinhosamente tratava por minha namorada”.

Júlio Isidro diz que foi sobretudo uma pessoa “capaz de lutar contra tudo para poder levar até ao último momento a sua grande paixão, o teatro. E despediu-se já com a sucessão garantida — a neta. Despediu-se porque foi obrigada a que isso acontecesse”, lembrando que tinha previsto fazer mais alguns espetáculos. “Era imparável”.

Termina a chamada com a Rádio Observador dizendo ter sido surpreendido e “não sei como vou ligar para o Tó Muñoz a perguntar como é que está a minha namorada. E se não se importam não digo mais nada”.

“Uma das notícias mais tristes que podia ter”. Júlio Isidro recorda Eunice Muñoz

Pedro Adão e Silva: “uma verdadeira senhora do teatro”

O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, destacou a relação próxima e íntima dos portugueses com a atriz Eunice Muñoz e o “enorme aplauso” que recebeu em vida e será mantido, lamentando com consternação a sua morte. “Neste momento devemos-lhe o mesmo aplauso que sempre lhe oferecemos, um aplauso de certa forma eterno”, declarou o ministro à agência Lusa.

“Foi um privilégio para Portugal e para os portugueses ter uma atriz como Eunice Muñoz. Tinha um talento quase natural e um dom único para a representação e, por isso mesmo, para nós todos, a vida da Eunice Muñoz confunde-se com os palcos e com o teatro, é uma espécie de relação íntima que todos fomos desenvolvendo com a mulher doce e afável”, disse o governante.

Pedro Adão e Silva destacou o facto de, para os portugueses, Eunice Muñoz ser “uma verdadeira senhora do teatro” e considerou como um facto poder-se reconhecer neste momento que, “felizmente, todo o país, de formas distintas”, soube reconhecer a atriz em vida.

O ministro destacou também a carreira longa e de enorme proximidade e de intimidade da atriz: “É como se todos a conhecessem e talvez essa seja também uma marca distintiva. Não é só o dom que tinha de facto e o talento como atriz, é também essa proximidade e essa intimidade”.

Essa intimidade, explicou o governante, tem a ver com o facto de a carreira ter sido “muito longa e muito versátil”, com grande presença nos palcos e também na televisão, criando uma relação próxima com os portugueses. “Era como se todos a conhecessem. E é também isso que lhe deu sempre um enorme aplauso em vida e que neste momento cria também esta consternação e a continuação desse aplauso”, concluiu o ministro da Cultura.

O Governo vai decretar luto nacional no dia do funeral de Eunice Muñoz, confirmou a Rádio Observador, uma informação que tinha sido avançada pela TSF.

Carlos Moedas reage no Twitter falando da excecional atriz

“Quero prestar sentida homenagem a Eunice Muñoz, uma excecional atriz que marcou a identidade cultural portuguesa ao longo de 80 anos dedicados ao teatro e à cultura. Os meus sentimentos à família e amigos”, escreve numa mensagem no Twitter.

Catarina Martins sobre Eunice: “Mulher doce”

Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda, reagiu no Twitter à morte da atriz, evocando uma “mulher doce”, realçando a atriz “extraordinária”, que “tocou todas as gerações ao longo de toda a sua carreira, no teatro como no cinema e na televisão”.

CDS: “Eunice Muñoz terá sempre um papel fundamental na história e vida cultural”

O CDS lamentou a morte da atriz Eunice Muñoz, destacando o seu “profissionalismo e paixão” e considerando que terá “sempre um papel fundamental na história e vida cultural portuguesas”.

“O CDS realça o caráter, o profissionalismo e paixão com que agarrava as personagens que abraçou e a generosidade e simplicidade na relação com os outros e com os colegas”, refere uma nota assinada pelo vice-presidente do CDS e vereador da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa Diogo Moura.

Na mensagem enviada à Lusa, o CDS agradeceu a “entrega” da atriz ao “teatro, à cultura portuguesa e ao país” e considerou que a sua carreira “não será esquecida”. “Eunice Muñoz terá sempre um papel fundamental na história e vida cultural portuguesas”, conclui a nota.

Nascida na Amareleja, no distrito de Beja, em 1928, Eunice Muñoz completou em novembro 80 anos de carreira.

A estreia de Eunice Muñoz aconteceu exatamente no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, em 28 de novembro de 1941, na peça “Vendaval”, de Virgínia Vitorino, com a Companhia Rey Colaço/Robles Monteiro, que aí se encontrava sediada.

Filha e neta de atores de teatro e de artistas de circo, ao longo da carreira Eunice Muñoz entrou em perto de duas centenas de peças, trabalhou com cerca de uma centena de companhias, segundo a base de dados do Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e, no cinema e na televisão, o seu nome está associado a mais de oito dezenas de produções de ficção, entre filmes, telenovelas e programas de comédia.

Em abril do ano passado, Eunice Muñoz foi condecorada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, cerca de três anos depois de ter recebido a Grã Cruz da Ordem de Mérito.

“Chamem-me Eunice.” A vida da incansável rainha do teatro português

Câmara de Oeiras decreta três dias de luto municipal

A Câmara de Oeiras, distrito de Lisboa, decretou três dias de luto municipal pela morte da atriz Eunice Muñoz, para “expressar o reconhecimento ao inquestionável contributo que deu ao concelho e ao país”.

Lembrando Muñoz como “um ícone do teatro, cinema e televisão em Portugal”, a Câmara de Oeiras refere que a artista “viveu sempre” neste concelho do distrito de Lisboa e “há 25 anos deu o seu nome ao auditório municipal de Oeiras: Auditório Municipal Eunice Muñoz”.

No ano passado, a atriz subiu ao palco deste auditório para celebrar os 80 anos de carreira, com a peça “A Margem do Tempo”, onde foi condecorada com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, pelo Presidente da República, recordou o município de Oeiras.

Em comunicado, a Câmara de Oeiras, presidida por Isaltino Morais, recorda que Eunice Muñoz se estreou aos 13 anos no Teatro Nacional D. Maria II e, “desde então, com o seu talento, conquistou o coração de todos os portugueses, tendo sido galardoada com diversos prémios da crítica, como o Prémio da Imprensa (1964, 1969) ou o Globo de Ouro de Mérito e Excelência (2008)”.

Atriz Fernanda Montenegro saúda “arte de uma grande intérprete”

A atriz brasileira Fernanda Montenegro destacou, em Eunice Muñoz, “a arte de uma grande intérprete”, numa mensagem em vídeo publicada na rede social Facebook em reação à morte da atriz portuguesa, hoje, em Lisboa.

“Eunice Muñoz, saúdo você e o seu ofício de atriz, o dom de carnificar uma dramaturgia escrita”, afirma a atriz e escritora, que assumiu, no final de março, o seu lugar na Academia Brasileira de Letras.

Emocionada, Fernanda Montenegro explica como “a dramaturgia escrita tem de vir para a verticalidade do palco”, para que as personagens se exponham de facto, perante a plateia, o público, e quanto desse processo e do seu humanismo tem de estar presente “na arte de uma grande intérprete” como Eunice Muñoz.

“Isto faz do seu corpo, da sua sensibilidade, da sua alma, um instrumento místico, Eunice, transcendente, que visa, sem trégua, alcançar, através da sua profissão, o que de melhor, como prática, podemos atingir como criaturas humanas, como seres humanos. É o humanismo através da arte de uma grande intérprete, você, querida Eunice”, afirma Fernanda Montenegro.

Na mensagem, a atriz brasileira celebra a vida da atriz portuguesa. Jamais a palavra morte é pronunciada, tão pouco alude ao desaparecimento de Eunice Muñoz. Pelo contrário, dirige-se a ela diretamente, celebrando a sua vida. “Portanto viva seu coração batendo, viva sua criatividade indestrutível, viva o seu fôlego, viva a sua eterna inteligência cénica!”, afirma Fernanda Montenegro.

Numa conclusão emocionada de gratidão à atriz portuguesa, a atriz brasileira acrescenta: “Bendita, para sempre, para sempre seja a sua arte, bendita seja, para sempre, querida amiga, querida, atriz, você e você. Muito obrigada.”