A época do Atl. Madrid, sobretudo tendo em conta a condição de campeão em título e o reforço da equipa com nomes como Griezmann, Rodrigo de Paul ou Matheus Cunha (e Reinildo, no mercado de inverno), está muito longe de ser positiva, resumindo-se em abril à luta por um mal menor que passava por uma posição entre os quatro primeiros da Liga com respetiva entrada direta na Champions. No entanto, e como se voltou a ver esta semana, a equipa é capaz de chegar a um patamar mais elevado em situações limite em que estivesse algo em jogo. Com o Manchester City, sobretudo numa segunda parte de sentido único, não chegou. Mas era a partir desse ponto que Diego Simeone queria partir para o que ainda falta da temporada.

Simeone e como o peixe também pode não morrer pela boca (a crónica do Atl. Madrid-Manchester City)

“Não tenho nada que comentar o que os outros dizem, mal ou bem. Muitas vezes, aqueles que têm um léxico evoluído são muito inteligentes e tentam elogiar-te com desprezo mas aqueles que não têm um léxico assim tão evoluído não são parvos”, comentara o argentino no final do nulo no Wanda Metropolitano que valeu a passagem aos ingleses mas que terminou com empurrões, arremesso de objetos, ameaças e uma explosão (nas palavras) do técnico dos colchoneros após todas as críticas que ouviu pela postura 5x5x0 em Inglaterra que reduziu o Atl. Madrid a pouco mais do que nada em termos ofensivos na primeira mão.

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“Serviu para o nosso orgulho próprio, para o orgulho dos nossos adeptos, que viram hoje [quarta-feira] uma equipa que competiu. Deixa-nos tranquilos termos dado tudo para passar a eliminatória. Todos os jogadores foram enormes. A equipa respondeu da forma que nós queríamos e da maneira que os adeptos pretendiam e essa comunhão é difícil de ver em muitos estádios”, acrescentou, numa projeção também da receção ao Espanyol no início das derradeiras sete jornadas que teriam encontros como a deslocação a Bilbao para defrontar o Athletic, o dérbi com o Real, a receção ao Sevilha ou o jogo frente à Real Sociedad.

Desta vez, Simeone deixou o 5x5x0 em casa. Mas o Atl. Madrid voltou a perder (e com um Maiorca que luta para não descer)

Das palavras aos atos, existia logo à partida uma obrigatoriedade para o Atl. Madrid que passava por voltar aos golos depois das três partidas em branco com Manchester City (0-1 e 0-0) e Maiorca (0-1). Demorou mas foi e, após 322 minutos de seca, a equipa voltou aos golos por Yannick Carrasco. No entanto, e mais uma vez, o grande destaque nesse e noutros lances foi Oblak. No melhor, como é regra, e no pior, como é exceção. E depois de ter conseguido uma defesa determinante que originou o lance do 1-0 de Carrasco, não ficou nada bem na fotografia no empate de livre de Raúl de Tomás, ou R.D.T., avançado agora internacional por Espanha que passou sem sucesso pelo Benfica e que continua a brilhar na Liga com 15 golos, apenas atrás do que mais que provável melhor marcador de 2021/22, Karim Benzema (24). No entanto, também ele passaria de herói a vilão, cometendo o penálti que deu a vitória à equipa da casa.

A primeira parte voltou a trazer a pior versão ofensiva do Atl. Madrid, não tanto pelas linhas recuadas mas pela incapacidade de construir jogo no meio-campo contrário para os dois avançados que entraram de início, Correa e João Félix. Aliás, a única ameaça foi mesmo do português, com um remate após jogada pela esquerda (36′). Ao invés, o conjunto de Barcelona deixou um primeiro aviso na sequência de um canto com cabeceamento de Cabrera para defesa de Oblak (5′) e um fantástico remate de primeira de Raúl de Tomás descaído na direita com ângulo impossível que passou muito perto do poste (22′).

Ao intervalo, sem Lemar que saiu em lágrimas para o balneário depois de um problema muscular após um pique no último lance da primeira parte e com João Félix a sentir também dores na coxa, Simeone apostou tudo e fez uma tripla substituição, tirando também o lateral Vrsaljko para lançar em campo Yannick Carrasco, Matheus Cunha e Griezmann. Logo no início, Diego López evitou o golo inaugural ao brasileiro. Pouco depois, foi Oblak que brilhou: tirou o golo a Sergi Darder isolado na área do Atl. Madrid e, na saída rápida, Matheus Cunha assistiu Carrasco para o 1-0 (52′). Aí o esloveno esteve bem, mais tarde esteve ainda melhor a evitar o golo de Raúl de Tomás (70′), de seguida estragou tudo a e deixou passar um livre perto da área do inevitável R.D.T. que era defensável num lance que valeu de forma errada a expulsão a Kondogbia (74′). O empate parecia ser o destino final de um encontro que se tornou depois partido mas uma grande penalidade nos descontos por mão do mesmo R.D.T. valeu a Carrasco o 2-1 aos… 90+10′.