O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, apelou esta segunda-feira ao respeito pelos locais sagrados em Jerusalém, exortando à redução da conflitualidade numa altura de acentuadas tensões entre as autoridades israelitas e a população palestiniana.

“Discuti com o rei Abdullah II [da Jordânia] a importância de preservar o status quo dos locais sagrados em Jerusalém”, escreveu Charles Michel numa publicação na rede social Twitter.

Após dias de violentos confrontos entre palestinianos e a polícia israelita na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, o alto responsável da União Europeia manifestou na publicação “apoio total aos esforços com todos os parceiros no sentido de reduzir as tensões e de desanuviar a escalada”.

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A deterioração da situação de segurança realça a necessidade de restaurar um horizonte político para um processo de paz credível”, adiantou Charles Michel.

No domingo, o partido islâmico Ra’am anunciou que vai “congelar temporariamente” a sua participação na coligação de Governo israelita.

Partido islâmico suspende temporariamente participação no Governo israelita

A decisão foi comunicada ao Governo pelo líder do partido, Mansour Abbas, após uma reunião do Conselho da Shura, um órgão consultivo da sociedade árabe que é parte do Movimento Islâmico de Israel e tem grande influência dentro dos partidos árabes como o Ra’am, cujo eleitorado é sobretudo formado pelos beduínos do deserto do Neguev, de origem palestiniana.

Trata-se de uma medida acima de tudo simbólica, já que, neste momento, o Knesset (parlamento israelita) se encontra em interregno devido à Páscoa judaica e a suspensão do Ra’am é apenas temporária, mas é uma resposta às fortes pressões de grupos palestinianos, árabes e islâmicos, para que aquele partido se desvincule do atual Governo de coligação, liderado pelo ultranacionalista judeu Naftali Bennett.

Alguns deputados do Ra’am ameaçaram abandonar o Governo após a violência com que as forças de segurança israelitas irromperam na sexta-feira na Esplanada das Mesquitas e carregaram sobre palestinianos que se tinham entrincheirado com pedras, mas desde então Mansour Abbas fez vários apelos à calma.

Contudo, as pressões no seu círculo próximo elevaram-se esta segunda-feira, quando o xeque Mohammad Salameh Hassan, líder espiritual do Movimento Islâmico em que se insere o Ra’am, instou o partido a sair da coligação.

Os tumultos de domingo na Esplanada das Mesquitas entre palestinianos e a polícia israelita saldaram-se em 19 feridos, mas na sexta-feira os confrontos no recinto duraram seis horas, fazendo 152 palestinianos e três agentes feridos, além de mais de 400 detidos.

Dezassete palestinianos feridos em confrontos na Esplanada das Mesquitas em Jerusalém

O Ra’am está confiante de que quando as sessões parlamentares forem retomadas, a 9 de maio, a tensão em Jerusalém terá acalmado e poderá continuar a apoiar o Governo de coligação, depois de ser o primeiro partido árabe-islâmico a integrar um Governo israelita em décadas, apesar de não ter qualquer pasta.

O “congelamento temporário” da participação do Ra’am surge num momento de crise no Governo, já que este perdeu, na semana passada, a sua estreita maioria no Knesset, depois de a deputada Idit Silman, do partido Yamina, de Bennett, ter abandonado a coligação, pelo que o executivo e a oposição têm 60 assentos parlamentares cada um.