O diretor regional do Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas, Chris Nikoi, elogiou esta segunda-feira os progressos de Cabo Verde nos últimos anos e prometeu ajudar o país a mobilizar recursos para enfrentar as crises.

“Saímos de Cabo Verde em 2010 com muitos sucessos. Cabo Verde conseguiu progressos incríveis nos últimos 10 — 12 anos desde que o Programa Alimentar Mundial saiu do país“, elogiou o responsável, na cidade da Praia, após um encontro com o ministro da Agricultura e Ambiente.

O diretor afirmou que o Governo de Cabo Verde alcançou os objetivos do programa, mas disse estar ciente que neste momento o arquipélago está a enfrentar vários desafios, depois de quatro anos de seca, mais de dois anos de Covid-19 e agora a guerra na Ucrânia.

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Neste sentido, disse que essas crises em Cabo Verde terão como maior desafio a segurança alimentar, numa economia frágil e dependente do exterior.

“Mas estamos aqui para colaborar com o Governo na procura de apoios para acompanhar a situação e mobilizar recursos da comunidade internacional”, afirmou Nikoi, garantindo que o programa vai ajudar o país a tornar-se mais resiliente em termos de produtos alimentares.

O responsável está em Cabo Verde a convite do Governo para ajudar no reforço da alimentação escolar, tendo em conta a crise internacional e as suas consequências na segurança alimentar, numa das medidas do pacote para assegurar o normal funcionamento do sistema alimentar do país.

O ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, salientou a assistência do PAM na mobilização de ajuda para segurança alimentar e nutricional, com reforço nas cantinas escolares, que vão funcionar nas férias, atribuindo refeições quentes a mais de 80 mil crianças.

Com o PAM, o Governo de Cabo Verde pretende discutir outras questões que têm a ver com a segurança alimentar, nomeadamente a capacidade de stock e assistência alimentar.

“Cabo Verde, ao promover-se para um País de Rendimento Médio Baixo deixou de ter ajuda direta do PAM, nas cantinas escolares, e desde 2010 temos estamos a gerir muito bem as nossas cantinas”, deu conta Gilberto Silva.

Mas neste momento, disse, há uma “situação excecional”, em que Cabo Verde é dos países mais atingidos pela Covid-19 e agora pela crise provocada pela guerra, por ser dependente da importação de cereais.

“E a oscilação de preços que nós temos no mundo vai prejudicar Cabo Verde se as medidas não forem tomadas e tudo o que nós estamos a fazer é no sentido de mitigar este impacto”, garantiu o ministro, enaltecendo que o PAM será um “bom parceiro” para mobilizar recursos internacionais.

Os preços em Cabo Verde aumentaram 0,7% no mês de fevereiro e acumulam uma subida de 7,1% face ao mesmo mês de 2021, indicam os dados mais recentes do INE cabo-verdiano.

Já os preços dos combustíveis aumentaram 5% em abril, o teto máximo estipulado pelo Governo, mas acumulam no último ano um aumento médio de 42,6%, bem como uma subida de 7% desde janeiro último.

O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, afastou anteriormente a possibilidade de um aumento do salário mínimo nacional devido à crise económica.