O Festival Dias da Dança (DDD) regressa ao Porto, Gaia e Matosinhos, em formato presencial, entre esta terça-feira e 01 de maio, depois de a pandemia de covid-19 ter imposto um cancelamento e uma edição híbrida.

Numa sexta edição que se reveste de um “lado muito simbólico”, após o cancelamento da de 2020 e de o festival, em 2021, se ter adaptado a um formato entre o ‘online’ e o presencial com restrições, 2022 marca o “reencontro com os parceiros, os públicos, os artistas” e o regresso “à vida que o DDD tinha”, afirmou o diretor artístico do DDD, Tiago Guedes, na apresentação pública da programação, no Teatro Rivoli, há um mês.

“O festival tem menos espetáculos este ano, propositadamente, para se poder fazer um trabalho mais em profundidade com os artistas, mais alongado no tempo, com uma relação mais forte também com os artistas que apresentam os seus espetáculos e a área formativa também”, explicou, na altura, o responsável.

O também diretor do Teatro Municipal do Porto anunciou 18 espetáculos em sala, que se desdobram em mais de 40 récitas, dos quais se destaca a colaboração da coreógrafa Clara Andermatt com o músico João Lucas, em “Pantera” (que abre esta terça o evento, no Rivoli), que conta com a participação da cantora Mayra Andrade.

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Há também o regresso de Né Barros com “Neve — Paisagens, Máquinas, Animais”, a segunda parte de uma trilogia que começou com “IO”, e a estreia de “Playground”, um espetáculo para todas as idades de Catarina Campos e Melissa Sousa, e de “Darktraces: on ghosts and spectral dances”, de Joana Castro.

Nas produções internacionais, Tiago Guedes realçou “Soulévement”, de Tatiana Julien, que traz “um misto de espetáculo, concerto ao vivo, desfile de moda e combate de boxe”, e “Anda, Diana”, de Diana Niepce, uma bailarina tetraplégica que mostra um “corpo fora da norma” que se posiciona “como revolucionário”.

Boris Charmatz regressa, desta vez a solo em “Somnole”, um espetáculo todo feito em assobio, que “pode ser uma das últimas peças que fará, antes de ir dirigir a companhia Pina Bausch”, lembrou o diretor artístico.

Além dos 18 espetáculos em sala, que se desdobram em récitas e, em alguns casos, chegam aos municípios de Viana do Castelo, Leiria, Coimbra e Mértola, através da vertente DDD Links, há também oito espetáculos em espaços públicos, no âmbito do DDD Out Corpo + Cidade.

Este ano há um foco em artistas brasileiros, como Bruno Beltrão ou Gustavo Ciríaco, que tem continuidade na parceria com o festival brasileiro Panorama, através do Panorama RAFT, que criou dez obras para o ‘online’, três das quais poderão ser vistas no DDD.

Novidade também é a programação musical, com o “Samba de Guerrilha”, do brasileiro Luca Argel, num espetáculo que conta com a participação de Nádia Yracema e António Jorge Gonçalves, no Coliseu do Porto.

No regresso ao presencial voltam as festas e é renovado o compromisso com as conversas e com a oferta formativa promovida pelo DDD Campus, que passa por oficinas, aulas ou residências artísticas.

Há também uma preocupação com as acessibilidades, sendo promovida em Matosinhos, no âmbito do espetáculo “Anda, Diana”, uma ação de mediação sobre a questão, com aposta também na interpretação em língua gestual, sempre que se justifica, e audiodescrição dos espetáculos.

São 13 dias de certame, espalhados pelo Teatro Rivoli, Teatro Campo Alegre, Teatro Nacional São João, Teatro Carlos Alberto, pelo Museu de Serralves, o Coliseu do Porto, o Palácio do Bolhão e o espaço Rampa, todos no Porto, mas também o Teatro Municipal Constantino Nery, em Matosinhos, e o Auditório Municipal de Gaia.