Após quase 40 anos desde o seu último avistamento, uma flor tropical com pétalas laranjas considerada extinta foi redescoberta na América do Sul.

Isto “mostra que não é tarde demais para dar a volta, mesmo nos casos mais graves em termos de biodiversidade. É uma prova importante de que não é tarde para explorar e inventariar plantas e animais em florestas gravemente degradadas no Oeste do Equador”, considerou Dawson White, coautor do estudo recentemente publicado na revista PhytoKeys e investigador no Museu Field de História Natural, em Chicago (EUA).

Plantas que não possuem utilidade para humanos caminham para a extinção, revela estudo

De nome científico Gasteranthus extinctus, a planta foi encontrada graças a uma expedição de dez botânicos ao cume da montanha Centinela, no Equador. Vista pela última vez em 1985, o próprio nome — dado só em 2000 — remete para a vasta desflorestação no oeste do país durante os anos 80, que conduziu à presumível extinção de várias espécies de plantas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Cientes de que 97% das florestas do Oeste equatoriano foram destruídas ou convertidas em terrenos agrícolas no final do século XX, os botânicos arregaçaram à mesma as mangas e viajaram até lá no verão passado. Do processo, fez parte a análise de imagens satélite para tentar identificar a parte da floresta que se mantinha intacta. “Centinela é um lugar mítico para os botânicos tropicais”, justificou Nigel Pitman, que também assina o artigo cientifico.

Encontrar a G. extinctus foi ótimo, mas o que foi ainda mais entusiasmante nesta viagem foi encontrar uma floresta espetacular num local onde os cientistas temiam que já não restasse nada”, complementou. Entramos em Centinela a pensar que [o que íamos encontrar] ia partir o nosso coração e acabamos a apaixonar-nos”.

A equipa identificou a flor tropical logo nas primeiras horas no terreno através de imagens de espécimes secos de coleções de herbário, desenhos e uma descrição escrita. Com o cuidado necessário, tirou fotos e recolheu algumas flores caídas para confirmação do ADN – e, depois, enviou as amostras a um especialista em taxonomia.

O seu status é, agora, em vias de extinção, todavia Gasteranthus extinctus vai manter a designação. Agora, a equipa está a trabalhar com conservadores da natureza equatorianos para proteger o território onde habita uma flora única.