O vice-presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) Kevin Kariuki defendeu nesta quarta-feira que África não está ainda pronta para trocar a energia fóssil pelas renováveis, mas admitiu que, com recursos do mundo desenvolvido, pode substituir alguns ativos.

“Em África não estamos no ponto de mudar. A tecnologia para substituir o carvão e o gás não existe”, disse o vice-presidente do BAD para a Energia, Clima e Crescimento Verde, na conferência de imprensa de apresentação dos Encontros Anuais da instituição, que decorrem em Acra entre 23 e 27 de maio.

Segundo o responsável, um projeto só fica esgotado quando uma nova tecnologia aparece, mas as principais fontes de energia renovável capazes de substituir os combustíveis fósseis são o sol e o vento e estas não podem produzir energia constante, estável 24 horas por dia, 365 dias por ano.

“Todos conhecemos as características intermitentes do sol e do vento”, disse Kariuki, reiterando que falta a tecnologia para a África fazer a transição energética.

“Há três ingredientes necessários para a transição: recursos, tecnologia e capacidade. A tecnologia não existe, por isso as circunstâncias para os nossos ativos serem transferidos não estão criadas”, afirmou.

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Mas sublinhou que, “se os recursos forem disponibilizados pelo mundo desenvolvido”, o continente africano poderá substituir alguns dos seus ativos de combustíveis fósseis por renováveis.

Referindo-se à iniciativa “Desert to Power”, uma iniciativa liderada pelo BAD para aproveitar o vasto potencial de energia solar na região do Sahel para fornecer acesso à eletricidade a 250 milhões de pessoas, Kariuki disse que mesmo esse projeto não permitirá energia constante porque será preciso criar capacidade de armazenamento da energia produzida.

O Banco Africano de Desenvolvimento promove em maio os seus Encontros Anuais, sob o tema “Alcançar a Resiliência Climática e uma Transição Energética Justa para África”.