O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, destacou esta quinta-feira as “incríveis oportunidades para aprofundar a parceria” com a Índia, onde chegou neste dia para uma visita oficial que culminará no encontro com o homólogo, Narenda Modi, na sexta-feira.

Ao desembarcar no estado ocidental de Gujarat, Johnson saudou novos investimentos e acordos comerciais no valor de mais de 1.000 milhões de libras (1.200 milhões de euros) de empresas indianas, fazendo daquele país o segundo maior investidor no Reino Unido.

Os projetos, em setores como tecnologias e saúde, que deverão criar quase 11.000 empregos no Reino Unido.

“Esperamos concluir outro acordo de comércio livre antes do final do ano”, disse o chefe do Governo, em declarações à Sky News.

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O Governo britânico estima que um acordo com a antiga colónia poderá aumentar o comércio total em até 28.000 milhões de libras (34.000 milhões de euros) por ano até 2035.

Como pano de fundo desta visita está a guerra na Ucrânia e Boris Johnson tem a missão de tentar alinhar com os aliados ocidentais a Índia, que até agora evitou criticar o presidente russo, Vladimir Putin, abstendo-se quando a Assembleia Geral da ONU votou este mês para suspender a Rússia do Conselho de Direitos Humanos.

Modi respondeu friamente à pressão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e outros países ocidentais para reduzir as importações de petróleo e gás russos.

A Índia depende pouco do petróleo russo, mas aumentou o volume e comprou três milhões de barris de petróleo no mês passado, contrariando o esforço de outras democracias para isolar Putin com sanções económicas.

A Índia também é um grande cliente de armamento russo e recentemente comprou avançados sistemas russos de defesa aérea.

Johnson insistiu na necessidade de reduzir a dependência de hidrocarbonetos de outros países com o investimento em energias alternativas, como a eólica e o hidrogénio, bem como a “oportunidade de aprofundar a parceria na área da segurança e defesa”.

“Historicamente, a Índia e Rússia têm uma relação muito diferente do que a Rússia e Reino Unido nas últimas duas décadas. Temos de refletir essa realidade, mas obviamente vou falar disso com Narenda Modi”, prometeu.

O Reino Unido quer estreitar os laços com as nações asiáticas como parte de uma “reorientação para o Indo-Pacífico” da política externa pós-Brexit.

A viagem do primeiro-ministro britânico garante também uma breve pausa do escândalo sobre os eventos que violaram as restrições da pandemia Covid-19.

Johnson foi multado pela polícia na semana passada por participar na própria festa de aniversário surpresa na residência e escritório oficiais, em Downing Street, em junho de 2020, quando os britânicos estavam impedidos de se encontrarem com amigos e familiares fora de casa.

Ao todo, a polícia está a investigar 12 “festas” em edifícios do Governo, num escândalo que ficou conhecido como “partygate”.

Na terça-feira, Johnson pediu desculpas aos deputados, mas insistiu que não desrespeitou as regras conscientemente e rejeitou os pedidos de demissão.

A oposição propôs um inquérito parlamentar sobre se o primeiro-ministro mentiu no Parlamento sobre o assunto quando inicialmente negou a existência de “festas”, mas a votação desta quinta-feira deverá ser bloqueada pelo Partido Conservador, que quer que a investigação seja adiada.