A 59.ª Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza, em Itália, abre, este sábado, ao público e anuncia o palmarés do certame, com 80 representações nacionais, entre elas Portugal, com o projeto “Vampires in Space”, de Pedro Neves Marques.

Este ano sob o tema “The Milk of Dreams” (“O Leite dos Sonhos”, em tradução livre), o certame dedicado à arte contemporânea abre às 12:00 (11:00 em Lisboa) com a cerimónia de entrega de prémios, sendo o mais importante o Leão de Ouro para o melhor pavilhão nacional.

O certame, que decorre até 27 de novembro, acolherá ainda na exposição geral um total de 1.400 obras de 213 artistas convidados – 180 destes a participar pela primeira vez -, provenientes de 58 países, e 80 projetos inéditos.

A representação de Portugal foi criada pelo artista Pedro Neves Marques e consiste numa exposição intitulada “Vampires in Space”, com curadoria de João Mourão e Luís Silva, instalada no Palácio Franchetti, em San Marco, Veneza.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O projeto assume a forma de exposição narrativa, que através de um filme, de poesia e de uma cenografia imersiva, transforma o segundo piso do palácio numa nave espacial habitada por vampiros, que, “na sua longa viagem pelo espaço, vão confrontar os visitantes com questões-chave do nosso tempo”, nomeadamente os processos identitários, a sexualidade e reprodução queer, a ecologia, o transumanismo e a biopolítica, segundo a sinopse.

Este trabalho foi criado por Pedro Neves Marques em resposta ao tema da edição deste ano da Bienal, lançado pela curadora-geral Cecilia Alemani, que aborda o mundo repensado através da imaginação, a mudança, a transformação, as simbioses entre todos os seres vivos e a natureza, bem como as suas metamorfoses.

Neste conceito, Cecilia Alemani escolheu a pintora portuguesa Paula Rego como uma das âncoras da exposição geral, reunindo numa sala azul do Pavilhão Central, nos Giardini, obras em pintura, gravuras e esculturas.

Em entrevista à agência Lusa uma semana antes da inauguração, a curadora considerou Paula Rego uma “artista completa” que “só agora está a ter o devido reconhecimento”.

Paula Rego “é alguém que, ao longo de cinco décadas, tem dedicado o seu trabalho a temas e ideias muito fortes, a aspetos das nossas sociedades que foram obscurecidos e ignorados, cancelados, censurados, desde questões políticas, de género, liberdade de expressão, direitos das mulheres. São temas que aborda de forma muito direta e original”, salientou Cecilia Alemani sobre a artista de 87 anos, nascida em Lisboa e residente no Reino Unido.

Além de Pedro Neves Marques e de Paula Rego, outros artistas portugueses estarão a apresentar o seu trabalho no contexto da Bienal de Arte de Veneza, nomeadamente o artista plástico Pedro Cabrita Reis, com a obra “Field”, especialmente concebida para a Igreja di San Fatin.

Por seu turno, Diana Policarpo mostra a maior instalação que criou até hoje – intitulada “The Soul Expanding Ocean #4”, sobre o tema dos oceanos – que estará patente até outubro no Ocean Space, também em Veneza, resultado de uma coprodução do Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian e da TBA21-Academy, em parceria com o Instituto Gulbenkian Ciência.

Este trabalho imersivo de Diana Policarpo é apresentado no âmbito de um ciclo curatorial de dois anos intitulado “The Soul Expanding Ocean”, com curadoria de Chus Martínez.

A artista Mónica de Miranda inaugura, este sábado, em Veneza, uma exposição intitulada “No longer with the memory but with its future”, com novo conjunto de obras.

Com curadoria da arquiteta angolana Paula Nascimento, e resultado de uma iniciativa da associação italiana Nuova Icona e do coletivo Beyond Entropy Africa, o projeto também conta com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.

Esta bienal de arte acontece após o ultrapassar de dificuldades de organização num quadro de pandemia, e em contexto de tensão devido à invasão da Ucrânia pela Rússia.

A Ucrânia terá o seu pavilhão nacional e uma praça com uma instalação para acolher manifestações de apoio e de solidariedade dos artistas e do público, enquanto os artistas e curadores do Pavilhão da Rússia desistiram de participar como forma de protesto contra a guerra.