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"We Own This City" é o melhor regresso a Baltimore depois de "The Wire"

Este artigo tem mais de 1 ano

David Simon e George Pelecanos regressam às ruas da cidade americana para contar uma história de crime e corrupção. Resultado: “We Own This City” é a melhor série policial dos últimos tempos.

Jon Bernthal é um impressionante Wyane Jenkins, líder corrupto de uma força de intervenção da polícia de Baltimore
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Jon Bernthal é um impressionante Wyane Jenkins, líder corrupto de uma força de intervenção da polícia de Baltimore

Jon Bernthal é um impressionante Wyane Jenkins, líder corrupto de uma força de intervenção da polícia de Baltimore

Voltar à Baltimore de David Simon cria uma inevitável sensação de continuidade com “The Wire”, série já clássica, disponível na HBO Max. Contudo, “We Own This City”, que se estreia esta terça-feira, dia 26 na mesma plataforma de streaming, adaptação de Simon e de George Pelecanos (que se tornou um colaborador regular desde “The Wire) do livro homónimo de Justin Fenton, foge a isso com uma classe muit particular. Não o faz para criar distância, mas porque a história – e o presente – assim o exigem. Até porque Baltimore continua a ser a mesma, lembremo-nos que “The Wire”, no ar entre 2002 e 2008, cumpriu a tarefa de nos mostrar uma cidade na ficção que afinal era real.

É uma parte desse fascínio com a realidade que coloca as criações de David Simon num campeonato próprio. Seja “The Corner” (2000), antes de “The Wire”, “Generation Kill” (2008), “Treme” (2010-2013) ou “The Deuce” (2017-2019). Produções da HBO – e, a maior parte, disponível na HBO Max – que partem de um conhecimento tático, jornalístico e histórico com o real, com os locais, com as pessoas. Muitos dos atores e atrizes de “The Wire” transitaram para outras criações de Simon e Pelecanos; vários atores de “The Wire” estão agora presentes em “We Own This City”, minissérie de seis episódios, realizada por Reinaldo Marcus Green (“King Richard – Para Além do Jogo”) sobre a queda da força de intervenção de Rastreamento de Armas do Departamento Policial de Baltimore.

História real a partir do trabalho jornalístico de Justin Fenton, jornalista do Baltimore Sun que investigou os abusos, ao longo de vários anos, de um grupo de oito polícias julgado em 2017 por diversos crimes: uso excessivo de violência, roubo indiscriminado de cidadãos, tráfico de droga, desvio de dinheiro e uma série de outros pequenos – ou nem por isso – delitos. No centro está o sargento Wayne Jenkins, interpretado na série por Jon Bernthal. Aviso: Bernthal é indescritível no papel.

[o trailer de “We Own This City”:]

“We Own This City” segue diferentes linhas temporais para ir inteirando o espectador de toda a dimensão do caso. Uma cronologia criada também para dar espaço a diversas linhas narrativas e permitir que várias personagens povoem a Baltimore filmada por Marcus Green — que, apesar de ter locais reconhecíveis de “The Wire”, se distancia desse imaginário. E fá-lo bem.

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O modo como se joga com o tempo e a diversidade das personagens é exatamente aquilo que, por vezes, dá a sensação de uma certa continuidade com “The Wire”. É inevitável pensar que a história destes polícias acontece na cidade que David Simon deixou em 2008. Estes episódios poderiam ter existido como uma nova temporada de “The Wire”. Esta Baltimore é a evolução daquela que David Simon deixou em 2008.

Por isso, Jon Bernthal parece maior do que a vida no seu papel. A forma como Bernthal se movimenta, o rosto disposto a um heroísmo malévolo e uma fluência no discurso que combina ingenuidade e autoridade atribuem ao seu Wayne Jenkins uma série de camadas que vão além de polícia corrupto.

Jenkins, e parte da sua task force, têm uma ascensão no Departamento Policial de Baltimore construída entre o mérito e o empurrar erros e decisões duvidosas com a barriga. Método que não será estranho a quem viu “The Wire” e que “We Own This City” justifica pelas diversas referências nos primeiros dois episódios: as regras do resto do país não se aplicam a Baltimore. A história da equipa de Jenkins evolui à medida que a narrativa esclarece o espectador da carreira de Jenkins.

São seis episódios que sabem a muito mais, tudo acontece com intenção e há um toque de genialidade em tornar uma história verdadeira numa grande ficção

Essa movimentação temporal através do percurso do sargento é o farol de “We Own This City”. À medida que o seu comportamento, respetiva normalização e ascensão são justificados por um conjunto de cenas devidamente localizadas no tempo, tudo se move para dar contexto e a densidade que daí resulta é gloriosa. Tirando a cena de abertura da série, em nenhuma outra Jenkins é retratado com uma ideia limpa de polícia. Mesmo quando o vemos a ser – ou a tentar ser – um bom homem de família, há algo de impuro que o rodeia.

Simon e Pelecanos transformam a história de Jenkins – e da task force que dirigia – numa causa. Como o constroem, as figuras em sua volta – as inspiradas em pessoas reais e aquelas criadas na mecânica da ficção – e regressam a esta Baltimore conscientes do peso de “The Wire”, sem o maltratarem ou se apoiarem nele, apenas continuando aquilo que lhes é natural, fazem de “We Own This City” uma das melhores ficções policiais dos últimos anos. São seis episódios que sabem a muito mais, tudo acontece com intenção e há um toque de genialidade em tornar uma história verdadeira numa grande ficção.

Jenkins começa o primeiro episódio a instruir colegas sobre como usar a sua autoridade. Termina esse mesmo episódio com uma pergunta: “Vocês sabem quem eu sou?”. Na altura, não há resposta, nos episódios seguintes percebe-se que a série também não tentará explicar quem é Jenkins, mas sim o sistema que permitiu que fosse quem fosse. Coisa só possível, pelo menos desta forma quando este tipo de matéria está nas mãos de David Simon e George Pelecanos.

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