Quase 250 filmes na programação; uma competição nacional de longas-metragens, que com nove filmes, é a maior de sempre, incluindo primeiras obras e títulos de realizadores conhecidos; uma retrospetiva da americana Doris Wishman, a primeira mulher a realizar filmes de nudismo e de “sexploitation”; a celebração dos 40 anos da distribuidora francesa Light Cone, especializada em cinema experimental, e o regresso do IndieJunior após dois anos a andar pelas escolas, são os destaques da edição deste ano do IndieLisboa, a 19.ª, que começa no dia 28 de abril e vai até 8 de maio. O festival decorre na Culturgest, nos cinemas São Jorge e Ideal, e na Cinemateca Portuguesa, com uma extensão ao Palácio Galveias. Selecionámos uma dezena de filmes do programa, que pode ser consultado aqui.

“Freda”

De Gessica Généus

O Haiti é um dos países mais pobres e corruptos do mundo. A jovem Freda vive com a família num bairro popular da capital, Port-au-Prince, subsistindo graças a uma pequena mercearia de que são donos. A mãe de Freda quer que ela desista da faculdade e arranje um emprego, para ajudar a sustentar a família, e que Esther, a filha mais velha, se case com um homem de posses. (Competição Internacional. Culturgest, dia 2 de Maio, 21.30/Dia 5 de Maio, Cinema São Jorge 3, 14.30)

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“Périphérique Nord”

De Paulo Carneiro

O realizador de “Bostofrio” viajou 2 mil quilómetros para rodar este documentário em que foi em busca de portugueses que emigraram, à procura de uma vida melhor. E encontra no automóvel, um dos objetos que melhor representa a ideia de sucesso no estrangeiro, um ponto de partida para falar de identidade e comunidade. (Competição Nacional. Cinema São Jorge-Sala Manoel de Oliveira, dia 4 de Maio, 21.30/Cinema São Jorge-Sala Manoel de Oliveira, dia 7 de Maio, 19.00)

“O Trio em Mi Bemol”

De Rita Azevedo Gomes

O realizador francês Éric Rohmer escreveu uma única peça de teatro, “Le Trio en Mi Bémol”, em 1989, inspirado pela composição musical homónima de Mozart. A realizadora portuguesa Rita Azevedo Gomes adapta-a aqui ao cinema. É a história de um casal que tem uma história amorosa em comum e que não pára de se reencontrar e de se voltar a apaixonar. (Competição Nacional. Dia 5 de Maio. Cinema São Jorge-Sala Manoel de Oliveira, 21.30/Dia 7 de Maio, Culturgest, 18.15)

“A Viagem de Pedro”

De Laís Bodanzky

Portugal e Brasil juntaram-se para produzir este filme histórico em que o protagonista é D. Pedro IV de Portugal e I do Brasil. Vamos encontrá-lo a bordo da fragata inglesa onde regressa à pátria, para disputar a coroa portuguesa com o seu irmão Miguel, no meio de um babel de gente e a reviver os momentos mais importantes da sua vida. No elenco, Cauã Reymond, Victoria Guerra, Luísa Cruz e João Lagarto. “A Viagem de Pedro” é o filme de encerramento do festival. (Sessões Especiais. Dia 8 de maio. Culturgest, 21.30)

“Um Filme em Forma de Assim”

De João Botelho

Numa Lisboa dos anos 60 assumidamente recriada em estúdio, João Botelho pega em episódios da vida de Alexandre O’ Neill, e em textos e poemas de sua autoria, para rodar um filme que está muito longe de ser uma biografia tradicional e recorre ao musical e aos climas oníricos e surreais. Interpretações de Pedro Lacerda, Cláudio da Silva, Luís Lima Barreto, Inês Castel-Branco e Rita Blanco. (Sessões Especiais. Dia 28 de Abril. Cinema São Jorge-Sala Manoel de Oliveira. 21.30)  

“Rimini”

De Ulrich Seidl

Autor de ficções e documentários como “Import Export”, “Na Cave” ou “Safari”, o austríaco Ulrich Seidl ambienta este seu novo filme na estância costeira italiana de Rimini, no Inverno. É lá que está a atuar Ritchie Bravo, um cantor decadente e alcoólico, quando recebe a notícia da morte da mãe e tem que voltar à Áustria e a sua casa, e reencontrar o pai que sofre de demência e a sua filha que lhe exige dinheiro. (Silvestre. Dia 28 de Abril. Cinema Ideal, 22.00)

“The History of the Civil War”

De Dziga Vertov

Este documentário de propaganda realizado pelo pioneiro do cinema soviético Dziga Vertov (“O Homem da Câmara de Filmar”), sobre a guerra civil russa entre “vermelhos” e “brancos” que se seguiu à revolução bolchevista, foi fragmentado para uso em noticiários após a sua estreia, em 1922, e nunca mais foi visto na forma original. Só agora aparece na íntegra, graças ao trabalho de reconstrução feito pelo académico Nikolai Izvolov. (Director’s Cut. Dia 30 de Abril. Cinemateca, 15.30)

“Coffin Homes”

De Fruit Chan

Esta comédia satírica de terror realizada por Fruit Chan (“Preciosa Iguaria”, “Não Olhes para Cima”) pega no problema da habitação em Hong Kong para contar uma série de histórias relacionadas com as casas em que as pessoas aceitam viver nesta cidade sobrelotada, e que podem ser desde ridiculamente minúsculas (as “casas-caixão” do título) até assombradas por fantasmas e espíritos malignos. (Boca do Inferno. Dia 29 de Abril. Cinema Ideal, 18.00)

“A Escuta”

De Inês Oliveira

Violinista, improvisador e compositor, Carlos Alberto Alves, mais conhecido como Carlos “Zíngaro” (n. 1948), é um dos nomes mais destacados da música instrumental portuguesa, fundador, nos anos 60, da banda Plexus, que trouxe o “free jazz” para Portugal. É também artista plástico e autor de banda desenhada. A realizadora Inês Oliveira dá-lhe voz neste documentário. Carlos “Zíngaro” dará um concerto a 30 de Abril, no átrio central da CGD, às 20.00. (IndieMusic. Dia 30 de Abril. Culturgest, 18.00/ Dia 6 de Maio. Cinema São Jorge 3, 19.15)

“Seios de Morte”

De Doris Wishman

Única mulher a trabalhar no cinema de nudismo e de “sexploitation” durante várias décadas, a americana Doris Wishman tem uma retrospetiva neste IndieLisboa, composta por 10 títulos. “Seios de Morte” (1974) foi o seu único filme a ser exibido em Portugal, durante o PREC, em 1975. É um policial erótico interpretado pela artista de burlesco e “stripper” Chesty Morgan, no papel de uma mulher que usa os seus seios invulgarmente grandes para matar os mafiosos que assassinaram o seu namorado. Wishman faria no mesmo ano outro filme do mesmo género com Morgan, este de espionagem, “Double Agent 73”, que também passa neste lote. (Retrospetiva. Dia 2 de Maio. Cinemateca, 19.00/Dia 6 de Maio. Cinemateca, 15.30)