Um ex-motorista da empresa de transportes coletivos Transcolvia, do grupo Auto Viação Cura, com sede em Viana do Castelo, requereu a insolvência da transportadora por uma dívida 22.898,02 euros, relativa a salários em atraso, informou esta terça-feira fonte sindical.

De acordo com o portal Citius, a ação deu entrada, por via eletrónica, na sexta-feira, no juízo do Tribunal do Comércio de Viana do Castelo.

A Lusa contactou fonte da administração do grupo Auto Viação Cura, mas não teve sucesso.

Já fonte do departamento de contencioso do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN) explicou à Lusa que, em 2021, o trabalhador que agora requereu a insolvência da Transcolvia pediu a rescisão do contrato de trabalho com a empresa, alegando justa causa.

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Avançou para a rescisão porque, depois de três meses sem receber, decidiu não tolerar mais aquela situação. O caso foi levado a tribunal. O trabalhador ganhou a ação e, até agora, a empresa nada pagou. Por esse motivo, o trabalhador decidiu acionar o mecanismo de insolvência para tentar recuperar os créditos reconhecidos”, explicou a fonte.

Aquela fonte referiu que “há outros credores [trabalhadores], também sócios do sindicato que, em 2020, ao abrigo de um plano de recuperação apresentado pela Transcolvia e aprovado pelo tribunal declararam os seus créditos, mas que até agora não foram pagos”.

Na altura, o pedido de insolvência da mesma transportadora fundada em 1960 foi requerido pelo Ministério Público (MP), por uma dívida às Finanças no valor de 15.142.705,05 euros.

O Juízo de Comércio do Tribunal Judicial da Comarca de Viana do Castelo nomeou então como administrador da insolvência Ricardo Joel Passagem Rodrigues.

Na ocasião, contactada pela Lusa, fonte do gabinete do administrador adiantou que a decisão de encerramento daquele processo de insolvência transitou em julgado no início de 2020, após a aprovação e homologação de um plano de recuperação apresentado pela empresa, tendo cessado as funções do administrador de insolvência.

A mesma fonte especificou que “aquele processo de insolvência envolvia 23 credores que reclamavam dívidas de 17 milhões de euros”.

Desde o início do ano, os trabalhadores da Auto Viação Cura têm feito várias greves a reclamar o pagamento de salários em atraso. As paralisações têm ocorrido a partir do dia 8 de cada mês, entre as 06h30 e as 09h00, e causado grande impacto no transporte escolar.

Em março, o presidente da Câmara de Viana do Castelo informou ter trocado de operadora para garantir transporte escolar de qualidade aos alunos do agrupamento de escolas de Arga e Lima, em Lanheses, face às queixas frequentes dos pais.

Desde 1 de abril que o novo transporte escolar passou a ser assegurado pela Auto Viação do Minho.

O presidente da associação de pais do agrupamento de escolas de Arga e Lima, Carlos Seixas, classificou o transporte escolar efetuado pela Auto Viação Cura como “miserável”, criando “desigualdades profundas de acesso ao ensino”, aos alunos do concelho.