Parecia ser um dia normal para o agricultor que estava apenas a cavar o seu terreno em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza. Mas não: desenterrou uma estátua — esculpida em pedra calcária – da deusa Anat, que representa a beleza, o amor e a guerra.

Encontrámos por acaso. [A estátua] Estava lamacenta e lavámo-la com água”, contou o agricultor Nidal Abu à BBC, acrescentando que: “Percebemos que era uma coisa valiosa, mas não sabíamos que tinha um valor arqueológico tão grande. Agradecemos a Deus e estamos orgulhosos de que tenha permanecido na nossa terra, a Palestina, desde os tempos cananeus”.

A escultura da divindade, segundo a emissora britânica que cita arqueólogos, tem 4.500 anos e remonta ao fim da Idade do Bronze.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O diretor Jamal Abu Rida do Ministério de Turismo e Antiguidades do Hamas — o movimento islamista no poder em Gaza desde 2006 –, ao revelar o artefacto de 22 centímetros numa conferência de imprensa esta terça-feira, disse que o mesmo é “resistente ao tempo” e foi cuidadosamente examinado por especialistas. Além, disso, aproveitou a deixa para transformar o achado arqueológico num argumento político:

Tais descobertas provam que a Palestina tem civilização e história, e ninguém pode negar ou falsificar essa história”.

O enclave palestino era parte de uma importante rota comercial terrestre para várias civilizações e, ainda, era originalmente uma povoação cananéia. A estátua de Anat está agora em exibição em Qasr al-Basha, um edifício histórico que alberga um dos poucos museus da Faixa de Gaza.

Só que o próprio Hamas já foi acusado de destruir o que restava de uma cidade fortificada cananéia, Tell al-Sakan, para construir habitações e bases militares. Em contrapartida, em janeiro, o movimento islamita reabriu uma igreja bizantina do século V, após décadas de obras de restauração, apoiadas por doadores estrangeiros. As visitas turísticas são, contudo, fortemente restringidas devido ao conflito que aí se vive.