O juiz Ivo Rosa ouviu esta quarta-feira as testemunhas arroladas pelo assistente do megaprocesso GES/BES João Malveiro, empresário ligado às empresas Totalvalue SA. e Segouviber Unipessoal Lda, naquela que foi a segunda sessão desta fase de instrução que irá determinar se o processe segue ou não para julgamento. O magistrado ainda não se pronunciou sobre os pedidos de Ricardo Salgado e de Amílcar Morais Pires, que querem chamar a tribunal um total de 156 testemunhas, contrariando assim a vontade de Ivo Rosa em reduzir o número de testemunhos e de sessões de modo a não prolongar esta fase por muito tempo.

A sessão, que decorreu no Campus de Justiça em Lisboa, ao que o apurou o Observador, não terá demorado mais de duas horas. O empresário João Malveiro, lesado que diz ter perdido 20 milhões de euros com o BES, é um dos que pediu ao juiz Ivo Rosa para pronunciar o gerente do banco onde contratou serviços, Alexandre Monteiro, pelo crime de burla qualificada. Este é agora, aliás, um dos cinco novos arguidos que Ivo Rosa juntou ao caso, no despacho de abertura de instrução.

Os cinco arguidos que o juiz Ivo Rosa juntou ao processo BES/GES e as queixas da falta de condições no tribunal

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A próxima sessão está marcada para esta quinta-feira com a audição das testemunhas arroladas pelo arguido Pedro Costa, retomando depois só na última semana de maio. Na primeira sessão era para terem sido ouvidas quatro testemunhas, entre elas o antigo banqueiro José Maria Ricciardi, mas terminou apenas com duas inquirições e sem data definida para as restantes. O juiz, que foi operado ao coração o que obrigou ao adiamento do início de sessão, está visivelmente debilitado e ainda a recuperar da intervenção cirúrgica.

O processo conta com 30 arguidos (entre eles, sete empresas) — o juiz Ivo Rosa juntou-lhe mais cinco arguidos.

Ricardo Salgado está acusado de 65 crimes: um crime de associação criminosa (em coautoria com outros 11 arguidos, entre eles os antigos administradores do BES Amílcar Pires e Isabel Almeida), 12 crimes de corrupção ativa no setor privado, 29 crimes de burla qualificada, infidelidade, manipulação de mercado, sete crimes de branqueamento de capitais e oito de falsificação.

O arguido José Manuel Espírito Santo Silva, antigo administrador do BES e primo de Ricardo Salgado, é acusado de vários crimes de burla qualificada, e infidelidade. O ex-administrador e diretor financeiro do BES Amílcar Pires responde por associação criminosa, corrupção passiva no setor privado, burla qualificada, branqueamento de capitais, manipulação de mercado, falsificação de documento e infidelidade. A antiga administradora do BES, Isabel Almeida, foi também acusada por um crime de associação criminosa, em coautoria, corrupção passiva no setor privado, burla qualificada, branqueamento de capitais, manipulação de mercado, falsificação de documento e infidelidade.

São ainda arguidos neste processo Manuel Espírito Santo Silva, Francisco Machado da Cruz, António Soares, Alexandre Cadosch, Michel Creton, Cláudia Boal Faria, Pedro Cohen Serra, Paulo Carrageta Ferreira, Pedro de Almeida e Costa, Nuno Escudeiro, Paulo Nacif Jorge, Pedro Pinto, João Martins Pereira e João Alexandre Silva.

As sete empresas acusadas são a Espírito Santo Internacional, Rioforte Investments, Eurofin Private Investment, Espírito Santo irmãos – Sociedade Gestora de Participações Sociais, ES Tourism Europe, Espírito Santo Resources Limited e ES Resources (Portugal) por crimes como burla qualificada a corrupção passiva, falsificação de documentos e branqueamento de capitais.

A acusação. Anatomia de uma associação criminosa que destruiu o Grupo Espírito Santo