A última quinta-feira foi marcada pelas inúmeras notícias que davam conta da morte de Mino Raiola, um dos mais influentes empresários do mundo do futebol nas duas últimas décadas. O próprio, ou a família por si, desmentiram a informação. No entanto, 48 horas depois, não resistiu na luta que estava a travar e foi a própria família a anunciar o desaparecimento do italiano aos 54 anos, na mesma conta oficial do agente que tinha sido utilizada para desmentir as informações que circulavam na imprensa transalpina.

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“É com uma tristeza infinita que partilhamos que desapareceu um dos agentes de futebol mais cuidadosos e fantásticos que já existiram. O Mino lutou até ao final com a mesma força que colocou sempre na mesa de todas as negociações dos seus jogadores. Como sempre, deixou-nos orgulhosos e nem se apercebeu”, começou por referir o comunicado assinado pela família Raiola colocado na conta do agente.

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“O Mino deixou marca em muitas vidas durante o seu trabalho e escreveu um novo capítulo na história do futebol moderno. A sua ausência será para sempre sentida. A missão do Mino de tornar o futebol um sítio melhor para todos os jogadores vai continuar. Agradecemos a todos o apoio e a força que temos recebido nestes tempos difíceis e pedimos respeito pela privacidade da família e dos amigos neste momento de luto”, acrescentou o mesmo texto publicado em italiano e em inglês.

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Depois de ter sido operado de urgência no hospital San Raffaele, em Milão, a 12 de janeiro, e apesar de ter vindo explicar através das redes sociais de que se tratava de uma intervenção já programada e “planeada”, a situação do agente foi-se agravando, tendo sofrido problemas pulmonares que levaram a que fosse depois transferido para a unidade de cuidados intensivos. Algumas publicações adiantaram também que tinha contraído Covid-19, algo que nunca foi confirmado. Acabou por não resistir, após ter sido referido na última atualização antes desta semana de que estava “um pouco melhor, dadas as circunstâncias”.

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Nascido em Itália, mudou-se com apenas um ano para os Países Baixos, ainda arriscou uma carreira como jogador na formação no modesto Haarlem, começou a entrar no mundo das negociações de jogadores pouco depois dos 20 anos. Três décadas depois, Mino Raiola foi uma figura com tanto de excêntrica como de incontornável no futebol, mesmo com um estilo e uma forma de ser que são a antítese do típico empresário. E é isso também que lhe vale a ligação a alguns dos maiores nomes da atualidade, que o abordam antes de serem abordados. Muitos deles, mais do que jogadores, eram amigos.

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Zlatan Ibrahimovic é o exemplo paradigmático disso mesmo, o que mostrava também o tipo de pessoa e agente que Mino Raiola era perante um dos jogadores com personalidade mais vincada no futebol mundial. Mas a carteira de jogadores era extensa e profícua, das jovens pérolas Erling Haaland e Paul Pogba a outros elementos bem conhecidos mas já sem tanto mercado como Balotelli. Donnarumma, De Ligt, Verratti, Kean, Gravenberch, De Vrij ou Dumfries também eram representados pelo transalpino.

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