A Alemanha está preparada para apoiar um embargo imediato da União Europeia ao petróleo russo, admitiu esta segunda-feira o ministro da Economia à entrada para a reunião de emergência dos ministros da energia para discutir a crise energética e a quebra do fornecimento do gás russo à Polónia e à Bulgária.

“A Alemanha não está contra um embargo ao petróleo russo. É claro que será um fardo pesado a suportar, mas estamos prontos para fazer isso”, afirmou Robert Habeck, ministro do Partido os Verdes que tem a pasta da economia.

Esta evolução da política alemã já tinha sido sinalizada numa entrevista ao jornal Die Welt pelo ministro das Finanças. “Com o carvão (já banido) e o petróleo é possível renunciar às importações russas no imediato”. Ainda que tomando essa opção, sublinhou Christian Lindener, “não se possa afastar um aumento do preço do petróleo”.

Entre os líderes europeus, o chanceler Olaf Scholz tem-se mostrado mais cauteloso na promoção a um embargo total à aquisição de petróleo russo, medida que foi adotada pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido nas primeiras semanas após a invasão da Ucrânia. A Alemanha tem estado sob crescente pressão para endurecer as sanções contra o setor mais importante da economia russa — a energia — que se fazem sentir mesmo dentro do Governo de coligação e do próprio partido Social Democrata de Scholz. Desde que a crise ucraniana começou a Alemanha já reduziu as importações russas de petróleo de 35% para 12%, produto que também recebe via pipeline.

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A evolução alemã surge no quadro de mais uma vaga de sanções que a União Europeia quer adotar contra a Rússia depois de a empresa estatal Gazprom ter suspendido de forma unilateral as entregas de gás à Polónia e à Bulgária. De acordo com o El Pais, a Comissão Europeia está avaliar avançar com o embargo total ao petróleo no próximo pacote para atingir a Rússia “onde mais dói” e travar o envio de recursos financeiros avultados (também porque os preços subiram) para o financiamento do esforço de guerra de Putin.

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Também à entrada da reunião dos ministros da UE que debateu as implicações e respostas ao corte da Gazprom, a ministra francesa da Transição Energética, Barbara Pompili avisou: “Não podemos aceitar este tipo de manobras”. Mas se parece crescer o consenso em redor do embargo ao petróleo, a dependência do gás natural continua a limitar as sanções europeias com os países da UE a admitirem que pouco podem fazer face aos cortes unilaterais que a Gazprom fez a alguns clientes e que, admite a comissária da Energia, podem repetir-se em maio a outros países compradores de gás.

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