As declarações de Adolfo Macedo — vereador do PS na autarquia de Braga, mas mais conhecido pela carreira musical como Adolfo Luxúria Canibal — sobre a situação na Ucrânia estão a gerar desconforto na autarquia bracarense. O músico vereador socialista considerou, em entrevista à Blitz, que “não é descabido quando ele [Putin] fala de uma espécie de desnazifição da Ucrânia“, ainda que tenha frisado também “o cariz ditatorial e aberrante de Putin e do seu sistema”, e o CDS (que governa a autarquia em coligação com o PSD) não gostou de ouvir, exigindo que o PS se distancie do seu eleito local.

“A Comissão Política Distrital de Braga do CDS-PP, representada pelos membros eleitos do Concelho de Braga em nome de toda a estrutura, vem exigir uma tomada de posição do Partido Socialista a nível nacional, bem como da sua respetiva Federação Distrital, sobre se condenam ou não tais declarações, demarcam-se ou não das mesmas e se mantêm a confiança política no referido vereador”, lê-se num comunicado onde o partido “repudia as declarações inqualificáveis do vereador do PS, Adolfo Macedo”.

Na entrevista ao podcast da Blitz, Adolfo Luxúria Canibal nota que a Ucrânia é “uma sociedade que é tudo menos democrática, apesar das eleições” e compara o comportamento do batalhão Azov antes do início da guerra com “o tipo de comportamento pré-segunda Guerra Mundial que aconteceu na Alemanha, nomeadamente com as SS”.

“As SS, antes de serem integradas no estado alemão, eram um batalhão paramilitar civil, como o Azov. O tipo de atuação que faziam junto às populações é muito parecido com o que fazia o batalhão Azov. Há demasiados paralelismos, não é — independentemente do cariz ditatorial e aberrante de Putin e do seu sistema — não é descabido quando ele fala de uma espécie de desnazifição da Ucrânia”, afirmou.

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“Havia nazificação na Ucrânia, não diretamente na forma como as coisas se desenrolaram e as instituições funcionaram, mas alguns movimentos paralelos que aconteciam no interior da Ucrânia antes da guerra”, clarificou o vereador socialista em Braga.

Na entrevista o também músico considerou “absurdo” o enquadramento que por força das circunstâncias obriga “a tomar partido por alguém que numa situação normal nunca tomaríamos por qualquer partido porque o que lá se passa era aberrante e antidemocrático.”

“Estamos a armar e a financiar, fortalecer, um poder que é próximo dos valores que são os primeiros a acabar com a democracia, que é a extrema-direita. Está tanto na Rússia como na Ucrânia. Isto numa guerra político-internacional, é uma guerra entre duas extremas-direitas e somos obrigados a tomar partido por uma extrema-direita como os franceses foram obrigados a tomar partido por um liberal contra uma extrema-direita, é um mal menor”, considerou ainda.