A venda de livros em Portugal cresceu mais de 35% no primeiro trimestre deste ano, face ao período homólogo de 2021, correspondendo a um encaixe de 34,9 milhões de euros, revelou este domingo a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros.

De acordo com dados disponibilizados pela Gfk, entidade independente que faz auditoria e contagem das vendas de livros ao longo do ano, no primeiro trimestre de 2022, foram vendidos 2.589.810 livros, o que representa uma variação de mais 35,2% de livros vendidos, em comparação com os primeiros três meses de 2021.

A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) salvaguarda, contudo, que estes números resultam de uma comparação com um período de confinamento, em que foi impossível comprar livros em pontos de venda físicos, devido ao encerramento das livrarias.

Em valor, o mercado livreiro encaixou no início deste ano um total de 34.907.072 euros, o que significa um acréscimo financeiro de mais 43,6% face ao mesmo período de ano passado.

Para tal terá contribuído igualmente o preço médio do livro, que subiu 6,1%, para os 13,48 euros.

Nestes primeiros três meses do ano, entraram em circulação no mercado 2.633 novos livros.

Relativamente aos pontos de venda, 68% dos livros vendidos no primeiro trimestre foram escoados por livrarias, enquanto só 32% foram vendidos por hipermercados. Isto reflete-se igualmente nos valores de venda, já que 78,2% do total (27.297.330 euros) foi para as livrarias e 21,8% (7.609.742 euros) para os hipermercados.

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Por categoria, os livros mais vendidos foram os de não ficção (35%), a um preço médio de 16,29 euros, correspondendo a 42,3% do valor total angariado.

O segundo género mais vendido foi o infantojuvenil, com um peso de 33,5% no total das vendas, um preço médio de 9,98 euros por livro, e um valor apurado correspondente a 24,8% do total.

Seguem-se os livros de ficção, cujas vendas representaram 28,4% do ‘bolo’ geral e contribuíram em 31,2% para o encaixe financeiro total. O preço médio a que estes livros foram vendidos foi de 15,24 euros.

O género menos representativo é o das campanhas/exclusivos, que contribuíram com 3,1% em número de unidades vendidas, com 0,8% do valor final apurado, tendo o preço médio destas publicações rondado os 3,38 euros.

Dados anteriores da Gfk, revelados em março passado, já tinham mostrado a tendência crescente do mercado livreiro em Portugal.

Segundo a consultora, em 2021, a venda de livros em Portugal cresceu 16,6% face a 2020, o que colocou o país entre os que mais subiram, no conjunto de nove países abrangidos por um estudo sobre a evolução do mercado do livro: Alemanha, Bélgica (Flandres, Valónia), Brasil, Espanha, França, Holanda, Itália, Portugal e Suíça.

Este estudo também já mostrava uma tendência em relação aos géneros escolhidos, que estes dados parecem confirmar.

Uma “proporção não negligenciável” de aumento das vendas globais no mercado deveu-se ao ‘boom’ da banda desenhada, principalmente de mangas e ‘manhwas’, que se mostra “imparável” e teve em Portugal um dos maiores picos de vendas.

Dois anos seguidos marcados pela pandemia refletiram-se também na escolha de títulos pelos leitores, tendo-se verificado um importante aumento da procura de guias e de livros de não-ficção sobre saúde, conselhos sobre tópicos relacionados com a vida, psicologia e temas esotéricos.

Em dois terços dos países analisados, os livros infantojuvenis registaram aumentos ainda maiores do que o mercado livreiro no seu conjunto. Portugal foi um desses casos, com um aumento de receitas de mais de 21% nesse segmento literário.