A exibição da escultura “Marie” e uma mostra bibliográfica sobre Julião Sarmento (1948-2021) fazem parte de uma homenagem organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian para assinalar, em Lisboa, um ano da morte do artista visual, que se completa esta quarta-feira.

Criada originalmente para o pátio exterior da delegação da Gulbenkian em Paris, a escultura, com 180 centímetros de altura, pertencente à coleção do Centro de Arte Moderna (CAM), e é agora apresentada ao público pela primeira vez em Portugal, ficando instalada no jardim da sede, em Lisboa.

Inspirando-se na arte clássica, Julião Sarmento recorreu às técnicas da escultura digital em 3D para produzir uma figura feminina em resina, que ostenta uma peça de vestuário em seda concebida pelo ‘designer’ de moda português Felipe Oliveira Baptista, que tem trabalhado com marcas de moda como a Max Mara, Cerruti, Lacoste e Kenzo.

Para assinalar o primeiro ano da morte do artista, também será realizada uma mostra bibliográfica com obras sobre o autor, provenientes do acervo da Biblioteca de Arte, num conjunto de livros e catálogos de exposições que ficará em exposição numa antiga carrinha das Bibliotecas Itinerantes fundação, até domingo, indicou fonte da entidade à agência Lusa.

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Uma versão digital desta mostra bibliográfica ficará também disponível no sítio online da Biblioteca de Arte e Arquivos.

No âmbito da homenagem ao artista, a fundação adquiriu ainda a obra “Close”, uma instalação vídeo de 2001 produzida por Julião Sarmento em colaboração com o realizador Atom Egoyan, estreada na Bienal de Veneza desse ano.

Com esta nova aquisição, Julião Sarmento passa a estar representado na coleção do CAM com 30 obras, entre as quais se encontram pinturas dos anos de 1980 e 1990, várias séries de gravuras, um filme experimental dos anos 1970 e duas instalações.

Em 2021, Julião Sarmento foi homenageado no dia 4 de novembro, data em que completaria 73 anos, em Lisboa, com um congresso internacional e o lançamento de um livro sobre a imagem em movimento produzida ao longo da sua carreira.

Artistas, curadores e historiadores reuniram-se no congresso internacional “Na escalada do desejo”, na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, e no Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC), numa iniciativa em parceria.

No dia em que completaria 73 anos também foi lançado do livro “Julião Sarmento — The Complete Film Works”, com as imagens em movimento criadas pelo artista ao longo da carreira, criado por Nuno Crespo e Pedro Falcão, é editado pelo Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes (CITAR) da Escola das Artes da Universidade Católica e pela Documenta — Sistema Solar.

Autor de uma obra multifacetada, Sarmento, nascido em 1948, em Lisboa, representou Portugal na Bienal de Arte de Veneza em 1997 e foi alvo de uma exposição pela Tate Modern, em Londres, em 2011.

No ano seguinte, o Museu de Serralves, no Porto, organizou a mais completa retrospetiva até hoje realizada do seu trabalho, reconhecida com a atribuição do Prémio da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA).

O seu trabalho — que combina vários suportes, desde a pintura, a fotografia, o desenho, o vídeo, o som e a performance — está representado em instituições nacionais e estrangeiras como a Tate Collection, em Londres, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, o Museu Nacional de Arte Moderna/Centro Georges Pompidou, Paris, Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia, em Madrid, entre outros.