A Ferrari acaba de apresentar mais uma das “obras de arte” do seu departamento de Projectos Especiais (SP, na sigla em inglês), o SP48 Unica, uma berlinetta desportiva de dois lugares concebida para ir ao encontro dos desejos de um só cliente que, como tal, terá desembolsado o valor exigido pela exclusividade. A quantia cobrada por este one-off, como é habitual, não foi divulgada, mas poderá rondar os 2 milhões de euros. Isto enquanto o Ferrari F8 Tributo que lhe serve de base custava, por cá, cerca de 286.000€…

Dinheiros à parte, o que mais surpreende nesta criação de Maranello é o facto de ter eliminado o óculo traseiro – aquele vidro essencial que permite ao condutor, quando olha pelo espelho retrovisor interior, ver o que se passa atrás do veículo. No caso deste superdesportivo, com a eliminação dessa janela, também deixa de haver lugar para coscuvilhices, pois, por muito que espreitem, os mais curiosos não vão ser capazes de apreciar a beleza do compartimento do motor. Algo que, aparentemente, não impressiona o proprietário que, segundo a própria Ferrari, é “um cliente fiel do Cavallino Rampante que participou activamente em todas as etapas desta criação”.

Como o construtor de Maranello não menciona alterações a nível da mecânica, o mais provável é que este one-off continue a recorrer ao V8 do F8 Tributo, com 720 cv e 770 Nm de binário, logo às 3250 rpm, o que é sinónimo de uma resposta monstruosa à mínima solicitação no pedal do acelerador.

Face ao modelo que lhe serve de base e para além da supressão do óculo traseiro, as maiores diferenças neste SP48 Unica encontram-se à frente, que exibe uma nova grelha na cor da carroçaria, contando com entradas de ar no pára-choques dianteiro e sob o spoiler traseiro, para refrigerar a mecânica. Atrás das janelas laterais há também entradas de ar, desta feita para arrefecer os intercoolers.

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Mas, além das soluções para maximizar o fluxo de ar, talvez o que mais impressiona neste trabalho executado pelos designers e engenheiros de Maranello seja a forma como conseguiram conferir a este one-off um aspecto soberbamente musculado, trocando a janela de trás por fibra de carbono. O modo como a secção dianteira flui para a traseira, ao nível de uma escultura sobre rodas, aprecia-se sobretudo quando este Ferrari é visto de cima. Aí, dificilmente se encontrará quem não tire o chapéu ao efeito conseguido pela listra central, que parece desvanecer da escuridão rumo à traseira, convocando em simultâneo a sensação de fluidez e de dinâmica.

Quanto ao interior, as imagens não abundam, mas a Ferrari adianta que o espírito do F8 Tributo foi preservado com uma “identidade técnica substancial”.  A personalização passou essencialmente pelo revestimento dos bancos, em Alcantara negra e perfurada replicando o padrão hexagonal da grelha e do tejadilho, deixando ver uma subcobertura em tecido na cor da carroçaria.