Vários alunos, um professor e um funcionário da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa que deram o seu testemunho a dois canais de televisão, a propósito de casos de assédio e de forma anónima, viram a sua identidade revelada.

No WhatsApp circulam os sons dos respetivos testemunhos dados à TVI e à RTP sem as vozes distorcidas, o que permite a identificação das pessoas, avança esta sexta-feira o Diário de Notícias. Nas reportagens, que transmitiram vários testemunhos, os dois canais optaram por usar esse efeito para que estas fossem protegidas.

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A denúncia sobre a revelação de identidade das testemunhas foi também feita através das redes sociais por Miguel Lemos, professor assistente que propôs a criação de um canal que recebeu 50 queixas de assédio moral e sexual e que foi na semana passada alvo de um processo disciplinar. “Um professor ou assistente que partilhe gravações áudio de entrevistas aos OCS de alunos/as vítimas de assédio moral ou sexual, gravações essas a que foi retirada a distorção de voz, identificando quem são, não pode ter lugar na nossa faculdade”, escreveu o docente no Twitter.

O facto de estar a ser divulgada a identificação de quem decidiu dar o seu testemunho de forma anónima poderá ter “um efeito dissuasor”, admitiu Inês Ferreira Leite, professora da Faculdade de Direito. “As pessoas já tinham medo de se queixar, de falarem sobre as suas experiências. Se podiam falar sobre anonimato a jornalistas, agora nem isso, ficam com receio de serem expostas“, acrescentou.

Também no Twitter, a jornalista Rita Marrafa de Carvalho, responsável pela reportagem da RTP, falou sobre o caso, referindo que “alguém investiu tempo e dinheiro para saber quem denunciou os casos de assédio”.