Era o primeiro Grande Prémio ali, nunca seria um Grande Prémio qualquer. A chegada da Fórmula 1 a Miami trouxe um toque de showtime social bem maior do que é normal. Sim, é verdade que os pilotos têm sempre aquela ronda de compromissos publicitários a cumprir mas nada como o que aconteceu nos EUA onde Lewis Hamilton foi jogar golfe com Tom Brady, Pierre Gasly foi jantar com Michael Jordan e Max Verstappen, Sergio Pérez e Charles Leclerc foram ter uma espécie de primeira experiência no beisebol nos Miami Marlins. E não, não ficou por aí. Porque houve o “desafio” de Hamilton a todos os responsáveis depois da proibição de piercings e Vettel a ser solidário com o britânico usando cuecas por cima do seu fato. Ah, isto sem falar da zona que simulava mar com iates mas que era recriada através de efeitos especiais.

A entrada nos dias de treinos livres e da qualificação quase parecia “apagada” por tudo o que se passara antes mas era aí que as decisões seriam tomadas para se perceber que tipo de alterações ou de atualizações tinham sido feitas pelas equipas depois do Grande Prémio da Emília-Romanha, a única prova até agora em 2022 onde a Red Bull tinha vencido de forma clara a Ferrari com um “dobradinha”. No entanto, foi um pouco mais do mesmo: equipa italiana a partir na frente com os dois carros na linha inicial, formação austríaca com as posições 3-4, Bottas de novo a surpreender com um quinto posto à frente de Hamilton.

Sentia-se a confiança entre a Ferrari, tanta que o próprio Leclerc esteve a dar toques num bola com a antiga estrela David Beckham, hoje proprietário de uma equipa da MLS em Miami. No entanto, as razões para estar assim não iriam demorar a desvanecer-se. Toto Wolff, da Mercedes, aproveitava a passagem na grelha de partida para estudar os pormenores da Ferrari mas era mais atrás que estava a chave da corrida.

Se Leclerc conseguiu um arranque quase perfeito, Carlos Sainz até saiu bem mas não conseguiu ser forte o suficiente para evitar que Max Verstappen entrasse por dentro na curva decisiva após a largada, descendo à terceira posição por troca com o neerlandês. Lá atrás, e como muitos males nunca parecem vir sós para a Mercedes, Hamilton desceu duas posições até ao oitavo, ao passo que Fernando Alonso ganhou quatro lugares na sequência de um toque na roda do britânico. A estratégia da Red Bull tinha resultado em pleno, a estratégia da Ferrari tinha ficado por metade, a estratégia da Mercedes nem a metade chegou apesar do sexto lugar que o antigo campeão mundial tinha recuperado no final das seis voltas iniciais.

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Lá na frente, Verstappen era a pessoa mais tranquila do mundo. A certa altura pareceu quase que estava a estudar as dificuldades que Leclerc podia ter à sua frente a nível de pneus apenas à espera da melhor fase para passar para a frente. À nona volta, cheirou, arriscou e não defraudou, abrindo o DRS para a passagem que não conseguiu ter resposta do monegasco. Começava a ser escrita uma outra corrida com o Red Bull do neerlandês a ganhar asas enquanto o companheiro Sergio Pérez se queixava de estar a perder potência, chegando a uma vantagem superior a sete segundos já depois da primeira paragem nas boxes. Só mesmo a entrada do safety car poderia mudar algo e isso aconteceu após colisão entre Norris e Gasly.

A paragem reabriu a luta pelo primeiro lugar entre Verstappen e Leclerc enquanto Sainz e Pérez estavam com posições consolidadas a seguir mas ainda com o último lugar do pódio em aberto e Hamilton e Russell estavam num despique aceso pela quinta posição, tendo mesmo de haver um levantar do pé a certa altura sob pena de existir um toque entre ambos. Nada iria mudar e, depois de uma sexta-feira em que não fez mais do que cinco voltas por ter problemas de sobreaquecimento e um fogo na traseira direita, o campeão mundial voltou a puxar dos galões para conseguir mais uma vitória neste Mundial de 2022.