O governador do Mississippi, nos Estados Unidos da América (EUA) defendeu que a gravidez fruto de uma situação de incesto deve ser mantida até ao fim.“Quando olhamos para a percentagem (de abortos) que envolvem incesto, estão abaixo de 1%”, justifica Tate Reeves.

Numa entrevista transmitida no passado domingo pelo canal televisivo CNN, quando questionado pela razão de o seu Estado “forçar mulheres vítimas de incesto a aguentar uma gravidez até ao fim” o político respondeu dizendo que a lei tinha sido aceite desta forma em 2007, e que por essa razão não era necessário ser alterada.

O jornalista refutou com uma série de medidas que o Estado não tem para proteger as mulheres: “[Mississipi tem] o nível mais alto de pobreza em todo o país. O seu Estado não garante licença de maternidade paga. A legislatura do Mississippi rejeitou estender os cuidados no pós-parto da Medicaid. O seu sistema de acolhimento também é alvo de um longo processo federal por não proteger as crianças de abusos”.

Tate Reeves admite que o seu Estado tem um “histórico de pobreza no que toca a cuidados médicos” mas que está “focado em ultrapassar os desafios”.

A entrevista causou polémica. A senadora Kirsten Gillibrand de Nova Iorque, por exemplo, acusou-o de não olhar “para as mulheres como cidadãs ‘inteiras’. Tirou-lhes o direito de tomar decisões fundamentais sobre quando ter filhos, em que circunstâncias estão a ter esses filhos, quantos filhos querem ter, e em que altura da vida” cita-a o jornal britânico Independent.

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A questão do aborto ganhou novo destaque na semana passada, quando um trabalho do Politico revelou que o Supremo Tribunal norte-americano está a considerar anular o direito ao aborto decorrente da lei Roe v. Wade que permite desde 1973 a interrupção voluntária da gravidez. Cada caso é um caso, como explica o The New York Times, e em todos os estados dos EUA a lei é aplicada de maneira diferente.

“Abominável”. Supremo dos EUA pondera revogar lei do aborto que tem 50 anos. O que está em causa?

No Mississippi, o aborto só é possível se a grávida estiver em perigo de vida ou se tiver passado por uma situação de violação.