A TAP está a equacionar uma mudança para instalações alugadas, depois de uma vistoria aos edifícios da companhia ter concluído que precisam de obras estruturais que podem chegar aos 50 milhões de euros, disse a Comissão de Trabalhadores (CT).

Num comunicado interno, a que a Lusa teve acesso, a estrutura deu conta de uma reunião com a presidente executiva (CEO) da TAP, Christine Ourmières-Widener, no final de abril, em que lhe foi comunicado que “se está de novo a ponderar mudar os trabalhadores daquilo que é designado por sede de instalações”, sendo que “já se anda à procura de um edifício suficientemente grande para albergar mil e duzentas pessoas, que esteja situado num raio de cinco/seis quilómetros do aeroporto“, indicou.

De acordo com a CT, “a razão apontada é uma razão de segurança”, tendo em conta que “foi feita uma vistoria aos edifícios e chegou-se à conclusão de que estão muito frágeis e a precisar de obras estruturais que se não forem feitas podem pôr em causa a integridade física de quem lá trabalha”.

A estrutura referiu ainda que “estas obras rondam os 40/50ME [milhões de euros]” e que “segundo a administração fica então mais económico arrendar um edifício, uma vez que daqui a três ou quatro anos vai tudo mudar para Alcochete (novo aeroporto), além de que se poupam cerca de dois ME em parqueamento do pessoal de bordo, que passaria a estacionar no reduto”.

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De acordo com a CT, foram apontadas “algumas questões como seja o estacionamento para os trabalhadores deslocados”, sendo que, segundo a estrutura, foi-lhe dito “que não era um assunto assim tão importante e que não vai haver estacionamento para todos”.

A CT alertou que “muitos trabalhadores optaram por morar fora de Lisboa, precisamente por trabalharem no aeroporto e terem estacionamento gratuito, além de que mesmo morando dentro de Lisboa a viagem de carro é muito mais rápida do que a viagem em transportes públicos”.

“Referimos também a questão do refeitório, foi-nos dito que teria de ser dada uma compensação aos trabalhadores caso não exista um sítio onde os mesmos possam tomar a sua refeição dentro dos moldes agora praticados”, indicou a CT, que disse, na reunião, que “esta não seria uma boa mudança uma vez que se está a separar trabalhadores, e a retirar regalias”.

A CT abordou ainda “possíveis ajustes” devido “ao aumento do vencimento mínimo, ao aumento do custo de vida e ao aumento da inflação”, mas foi-lhe dito que “não estão no horizonte, nem constam do Orçamento para 2022”.

“Também explicámos como surgiu o Fundo Social, uma vez que nos chegou a informação de que os empréstimos estão a ser negados a quem deles precisa”, tendo a CEO dito que “se o dinheiro é dos trabalhadores então deve ser usado pelos trabalhadores”.

“Relativamente à situação económico-financeira da empresa está a melhorar”, afirmam, citando a CEO, sendo que “as perspetivas para o verão são boas”, mas “o preço do petróleo pode impactar os resultados, por isso foi contratado um ‘trader’ para negociar o preço do combustível”, referiu a CT.

Segundo a CT, “a renegociação” dos AE (Acordos de Empresa) já começou, com o SPAC (Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil), como previsto, no entanto, acrescentam, que lhes foi dito que “a mesma terá de ser dividida em duas fases, antes e depois do verão, para não comprometer a operação de verão”, destacou.

Na mesma nota, a CT referiu que serão “contratados duzentos e sessenta tripulantes de cabine, em que duzentos são trabalhadores aos quais a TAP não renovou os contratos e que contestaram essa não renovação em tribunal”.

A Lusa contactou a TAP e encontra-se à espera de resposta.