O candidato à liderança do PSD Luís Montenegro considerou nesta segunda-feira que o Governo começou com o “pé esquerdo” a legislatura, criticando a posição que adotou sobre o envolvimento de russos no acolhimento de refugiados ucranianos, em Setúbal.

“O Partido Socialista começou com o pé esquerdo este mandato, estamos no início da legislatura e já temos o primeiro abuso, flagrante, da maioria absoluta e os partidos da oposição, do meu ponto de vista, não podem deixar passar isso em claro”, disse.

O candidato à liderança do PSD, que falava aos jornalistas em Portalegre, à margem de um jantar com apoiantes da sua candidatura, exortou no domingo a oposição no parlamento a constituir uma comissão de inquérito ao processo de acolhimento de refugiados ucranianos em Setúbal por cidadãos russos com alegadas ligações ao Kremlin.

Eu quero que os portugueses saibam que, comigo à frente do PSD, nós não seremos complacentes com os abusos da maioria absoluta e utilizaremos todos os instrumentos que temos à nossa disposição para o apuramento da verdade que tenha a ver com o escrutínio e fiscalização dos atos do Governo e da administração. Esta responsabilidade é minha, pessoal enquanto candidato a presidente do PSD, de resto, uma circunstância, em que não fui acompanhado pelo outro candidato [Jorge Moreira da Silva]”, disse.

Já nesta segunda-feira, o presidente do PSD, Rui Rio, recusou tomar posição relativamente à proposta de inquérito parlamentar sobre o acolhimento de refugiados ucranianos em Setúbal por ter sido feita por um candidato à sua sucessão, Luís Montenegro.

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Em Portalegre, Luís Montenegro também não quis comentar esta posição de Rui Rio, mas criticou a posição do outro candidato à liderança do partido, Jorge Moreira da Silva, em relação à questão do envolvimento de russos no acolhimento de refugiados ucranianos, em Setúbal.

“Como disse [Jorge Moreira da Silva], ainda há dez dias atrás, dizia que esta questão não devia de ser politizada, hoje não há dúvida nenhuma em Portugal, ninguém em Portugal acha que isto não é uma questão política“, alertou.

“É uma questão política e da máxima importância e eu cumprirei a minha missão. É muito importante que os portugueses saibam quem é que está a concorrer a líder do PSD, com que propósito e para cumprir que missão”, acrescentou.

O candidato recordou que nas últimas Legislativas foi conferido ao PSD um mandato para ser oposição, tendo o partido uma “dupla responsabilidade”, que passa por “fiscalizar de forma firme e exigente” o Governo e “construir uma alternativa política” para as próximas eleições Legislativas.

“Ora, nesta fase concreta, aquilo que os portugueses esperam de nós é que sejamos a voz daqueles que não se reveem nas posições do Governo ou até também daqueles que mesmo que sejam apoiantes do Governo querem o Governo seja fiscalizado, querem que o Governo seja escrutinado”, disse.