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Uma pintura "infantil" serviu para pagar uma sanduíche de queijo grelhado nos anos 70. Agora, pode atingir os 26 mil euros em leilão

Este artigo tem mais de 1 ano

Quando Irene viu pela primeira vez as pinturas da artista Maud Lewis pensou: “Foi uma criança quem pintou isto?”. Cinquenta anos depois, o quadro pode atingir os 26 mil euros em leilão.

Troca por troca. Quando há quase 50 anos, uma pintura de Maud Lewis foi o pagamento de uma sandes de queijo grelhado, os donos estavam longe de imaginar o valor que teria no mercado
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Troca por troca. Quando há quase 50 anos, uma pintura de Maud Lewis foi o pagamento de uma sandes de queijo grelhado, os donos estavam longe de imaginar o valor que teria no mercado

Reprodução Instagram/ Miller & Miller Auctions Ltd

Troca por troca. Quando há quase 50 anos, uma pintura de Maud Lewis foi o pagamento de uma sandes de queijo grelhado, os donos estavam longe de imaginar o valor que teria no mercado

Reprodução Instagram/ Miller & Miller Auctions Ltd

Receber quadros em troca de sanduíches de queijo grelhado. Foi este o acordo que os donos do restaurante Villa em Ontário, no Canadá, Irene Demas e o marido Tony, fizeram com o pintor inglês John Kinnear, com um paladar (no mínimo) previsível. 

Eu era uma jovem chef com os meus vinte anos, o mundo da culinária estava a mudar e havia coisas novas que eu queria que as pessoas experimentassem. Eu não conseguia fazê-lo comer nada além de uma sanduíche de queijo grelhado”, confidenciou Demas à CBC News.

E não era uma sanduíche de queijo grelhado qualquer, fez questão de salientar Demas. A proprietária ia a padarias artesanais todas as manhãs antes de abrir as portas do negócio, selecionando pães acabados de sair do forno ​​e um “maravilhoso [queijo] cheddar que o John adorava”, especifica o The Guardian. O processo de confeção passava por barrar manteiga e tostar as fatias de pão integral até ficarem crocantes e, no fim, tudo custava 2,95 dólares canadianos (aproximadamente 2,17 euros).

Fruto do acaso, este contrato informal, pagar tostas de queijo com pinturas, realizado nos anos 70 com este cliente muito seletivo, rendeu ao casal um quadro da aclamada artista canadiana Maud Lewis — que morreu em 1970 em Digby (Canadá), aos 69 anos.

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Quase cinco décadas depois, pode chegar aos 35 mil dólares canadianos (cerca de 26 mil euros) quando for a leilão a 14 de maio. Na peça, vê-se um homem vestido de vermelho a conduzir um camião preto por uma estrada rodeada de vegetação.

Pintora Maud Lewis é aclamada na arte folclórica do Canadá, após superar "limitações físicas pessoais e todos os tipos de desafios na sua vida", citado pela CBC News

Reprodução flickr

Mas, afinal, como é que esta pintura chegou às mãos de Irene e Tony? Kinnear e a esposa Audrey frequentavam o restaurante Villa “quase todos os dias” e “almoçavam perto da janela da entrada”, detalhou Irene à emissora canadiana.

Certo dia, enquanto Irene estava na cozinha, o marido chamou-a: o pintor inglês havia trazido uma série de quadros para que a chef escolhesse o seu favorito. Na sala de jantar, encontrou pinturas coloridas pousadas nas cadeiras e sobre as mesas.

O espanto reinou naquele momento: “Era muito, muito diferente de tudo o que eu já tinha visto antes. No princípio, eu pensei: É algum tipo de brincadeira que eles [marido e pintor] estão a fazer comigo? Foi uma criança quem pintou isto? São tão primitivos e infantis”.

O pintor inglês contou à proprietária a história de uma mulher “parecida a um pássaro” que conheceu na Nova Escócia e que começou a ajudar face às suas dificuldades: era “tão pobre que não tinha as coisas certas para pintar”, utilizando os restos de madeira e de tinta dos barcos dos pescadores. Kinnear enviou a Lewis alguns materiais, e a mulher “devolveu-os” através de peças concluídas.

Realmente tive dificuldade em escolher uma pintura que eu gostasse. Lembro-me de ver os gatos, as vacas ou os bois, e nenhum deles me chamou tanto a atenção como este pequeno camião preto. Eu estava grávida na época e pensei: ‘Bem, vou ter um menino e sempre podemos pendurar isto no quarto dele’”.

A artista canadiana é reconhecida pela sua resiliência, pois viveu numa casa com apenas um quarto e em extrema pobreza. Pelo meio, sofria de artrite reumática

Reprodução flickr

Para Ethan Miller, diretor executivo da Miller & Miller Auctions em Novo Hamburgo (Canadá), foi uma boa escolha, já que é “um exemplar muito limitado”.

O quadro será leiloado juntamente com duas cartas manuscritas de Lewis para Kinnear. Segundo a CBC News, são os primeiros exemplos da correspondência entre os artistas falecidos a ir a mercado. 

Devido à sua história de superação (por exemplo, sofria de artrite reumática) e do filme de 2017 em sua homenagem, o valor da obra de Maud Lewis subiu no mercado “nos últimos cinco ou até três anos”, explicou Ethan Miller.

É uma pena que Lewis não tenha vivido o suficiente para colher os frutos da sua arte”, considerou Demas ao jornal britânico. Foi graças ao incentivo dos filhos do casal que as peças (o quadro e as cartas) estão agora à venda.

O meu marido tem 90 anos e eu acho que não tenho mais 50 anos pela frente para me agarrar a isto. As crianças estão a dizer para usar o dinheiro, viajar e apenas aproveitar a vida”.

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