Em 1958/59, a Juventus ganhou ao Inter Milão. Em 1964/65, a Juventus voltou a ganhar ao Inter Milão. Em 2021/22, o Inter Milão só queria ganhar à Juventus na final da Taça de Itália e vingar as gerações dos anos 50 e 60 — e conseguiu. Os nerazzuri venceram os bianconeri no Olímpico de Roma e conquistaram pela oitava vez o segundo troféu mais importante do futebol italiano, algo que não alcançavam desde 2011, há mais de uma década.

Ainda assim, as equipas partiram de posições diferentes para a final desta quarta-feira. Para a Juventus, a conquista da Taça poderia ser a única salvação de uma temporada em que o Scudetto quase nunca esteve no horizonte, onde a saída da Liga dos Campeões apareceu logo nos oitavos de final e onde até a Supertaça fugiu; para o Inter Milão, a conquista da Taça poderia ser o boost de motivação necessário para uma reta final de Serie A que ainda conta com uma corrida pelo título contra o AC Milan e para uma época que já leva a tal Supertaça no palmarés.

Na antevisão da partida, para além de reconhecer a temporada abaixo das expectativas, Massimiliano Allegri explicou que o único objetivo era levantar o troféu. “O nosso objetivo é ganhar a Taça amanhã. Será uma ocasião maravilhosa, é um jogo contra uma equipa difícil de enfrentar. Precisamos de mostrar paciência e lucidez e, acima de tudo, jogar bem. Ainda não levantámos nenhum troféu este ano e queremos terminar a temporada da melhor forma possível”, disse o treinador da Juventus. Já Simone Inzaghi, por outro lado, lembrou que uma final é sempre um jogo muito particular.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Já estamos muito orgulhosos só por estarmos aqui, num jogo tão importante. Não acho que existam receitas especiais para ganhar finais. Precisamos de correr muito, de estar determinados e concentrados. Teremos de dar 120% para levantar o nosso segundo troféu da temporada. Tem sido uma época brilhante, já é o 50.º jogo. Temos jogado um futebol maravilhoso ao longo de sete ou oito meses”, defendeu o técnico italiano.

Ora, assim, com as habituais mexidas nos onzes iniciais das duas equipas, Mattia Perin era titular na baliza da Juventus, com Chiellini a surgir no centro da defesa e Dybala a aparecer no ataque ao lado de Vlahovic. No Inter Milão, Çalhanoğlu, Brozovic e Barella formavam o trio criativo de todo o conjunto. Em Roma, o jogo arrancou praticamente com um golo: logo nos instantes iniciais, através de um movimento da esquerda para dentro, Barella tirou um remate em jeito perfeito que só parou no fundo da baliza de Perin (6′).

O Inter Milão teve o domínio total da partida durante os 20 minutos iniciais, até porque a Juventus ia demonstrando pouca ou nenhuma inspiração ofensiva, mas a equipa de Allegri começou a reagir ainda antes da meia-hora e poderia ter empatado em diversas ocasiões. Handanovic defendeu um remate de Dybala (23′), evitou o golo de Vlahovic com uma enorme defesa (24′), viu De Ligt cabecear por cima (30′) e Dybala voltar a tentar com um pontapé ao lado (31′). Pelo meio, o Inter também poderia ter aumentado a vantagem, com Brozovic a atirar por cima (36′), mas a final da Taça de Itália foi mesmo para o intervalo com a margem mínima alcançada por Barella. Antes do fim da primeira parte, porém, Allegri começou a preparar o segundo tempo e tirou Danilo para colocar Morata.

Tal como tinha acontecido na primeira, a segunda parte também começou desde logo com um golo: desta feita, porém, da Juventus. Alex Sandro rematou de fora de área, a bola desviou em Morata e Handanovic ficou mal na fotografia, com o golo a ser atribuído ao lateral brasileiro (50′). Menos de dois minutos depois, a equipa de Massimiliano Allegri deu a volta à final da Taça de Itália. Num contra-ataque vertiginoso, Dybala soltou Vlahovic, o avançado começou por ver o guarda-redes defender o primeiro pontapé mas, na recarga, já não falhou o alvo (52′).

O Inter Milão reagiu e passou a jogar quase por inteiro no meio-campo adversário, acabando por chegar ao empate já nos últimos 10 minutos da partida. Lautaro Martínez foi carregado em falta na grande área por Bonucci, que entretanto tinha entrado para o lugar de Bernardeschi, e Çalhanoğlu converteu a grande penalidade (80′), atirando a final da Taça de Itália para o prolongamento.

Juventus v FC Internazionale - Coppa Italia Final

Massimiliano Allegri foi expulso pelo árbitro da partida já durante o prolongamento

Na meia-hora extra, voltou a ser uma grande penalidade a fazer a diferença. De Ligt fez falta sobre De Vrij na grande área da Juventus, o árbitro começou por nada assinalar mas, no recurso ao VAR, o penálti foi mesmo confirmado: e Perisic não falhou (99′). Allegri reagiu de forma imediata, ao tirar um desgastado Dybala para lançar Moise Kean, mas acabou por ser o Inter Milão a aumentar a vantagem e a fazer um autêntico xeque-mate com um enorme remate de pé esquerdo de Perisic, que bisou (102′). Na ressaca do golo do croata, depois de trocar palavras com o banco adversário, o treinador da Juventus acabou expulso.

Até ao fim, já nada aconteceu. O Inter Milão conseguiu finalmente vencer a Juventus na final da Taça de Itália à terceira tentativa e conquistou a segunda principal competição italiana pela primeira vez desde 2010/11, abrindo a porta a um de dois cenários: ou revalida o título e alcança a dobradinha ou termina a temporada com dois troféus e uma espécie de silver lining depois de ter perdido o Scudetto. Quanto à Juventus, para além de ter desperdiçado uma vantagem após a reviravolta na segunda parte, confirmou uma época sem qualquer vitória.