Foi a habitual tática do nós contra tudo e contra todos: com poucas jornadas por disputar na Premier League, com vantagem em relação ao Liverpool e logo depois de uma eliminação traumática nas meias-finais da Liga dos Campeões, Pep Guardiola procurou uma união quase territorial para empurrar o Manchester City para o título. E, pelo menos por agora, resultou. 

“Toda a gente neste país apoia o Liverpool, até a comunicação social. E é normal, porque o Liverpool tem uma história incrível nas competições europeias. Mas não tem na Premier League, porque ganhou só uma em 30 anos. Mas isso não é um problema. O Liverpool está ao lado do Manchester United como o clube mais importante de Inglaterra em termos de títulos, de legado, de história, de muitas coisas. Mas estamos na luta desde os últimos 11 ou 12 anos. Sei que às vezes nos sentimos desconfortáveis mas não me importo com isso, com as pessoas quererem que o Liverpool ganhe mais do que nós. Não é um problema”, disse o treinador catalão na antevisão da visita ao Wolverhampton.

Ora, esta quarta-feira, o Manchester City entrava em campo no Molineux um dia depois de o Liverpool ter derrotado o Aston Villa — ou seja, estava obrigado a ganhar para voltar a ter três pontos de distância para os reds na liderança da Premier League. Os citizens entravam em campo sem Gabriel Jesus e com Bernardo, Phil Foden, De Bruyne e Sterling na zona mais ofensiva. Do outro lado, depois de um empate com o Chelsea que colocou um ponto final numa série de três derrotas consecutivas, o Wolverhampton apresentava-se com José Sá, Rúben Neves, João Moutinho, Chiquinho e também Pedro Neto no onze inicial, enquanto que Trincão e Fábio Silva começavam no banco.

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A primeira parte, de forma resumida, foi um simples recital de Kevin de Bruyne: o médio belga abriu o marcador com um pontapé cruzado e assistência de Bernardo (7′), bisou numa recarga a uma defesa de Sá (16′) e completou o hat-trick com um remate fortíssimo de fora de área (24′). Pelo meio, Dendoncker ainda reduziu para o Wolves na sequência de um contra-ataque (11′) — mas o dono da noite era De Bruyne. O jogador do City fez três golos em 24 minutos, todos com o teoricamente mais fraco pé esquerdo, assinou o terceiro hat-trick mais rápido da história da Premier League e ainda aproveitou a terceira vez que marcou para dar as boas vindas a Erling Haaland, que vai ser jogador dos citizens na próxima época, celebrando como o avançado norueguês.

Na segunda parte, o recital prolongou-se. Na sequência de mais um ataque muito rápido, De Bruyne chegou ao quarto golo (agora de pé direito…) e carimbou a goleada (60′) com o primeiro póquer da carreira: com o Manchester City a tornar-se apenas a terceira equipa da história da Premier League com dois jogadores a assinarem um póquer na mesma temporada, depois de Gabriel Jesus também o ter feito contra o Watford. Já nos últimos minutos, Sterling ainda fechou as contas com assistência de Cancelo (84′) e De Bruyne ainda pôs mais uma bola no poste (89′).

No fim, os citizens venceram claramente o Wolverhampton, voltando a ter três pontos de vantagem para o Liverpool na liderança da liga inglesa, enquanto que o conjunto de Bruno Lage está praticamente arredado das contas do apuramento europeu. Haaland está quase a chegar ao Etihad. Até lá, porém, De Bruyne faz póquer.