A comissão que investiga o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos revelou esta quinta-feira que intimou o líder da minoria republicana na Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, e outros quatro congressistas do partido do ex-presidente Donald Trump — Mo Brooks, Andy Biggs, Scott Perry e Jim Jordan –, depois de se terem recusado a colaborar com o comité.

Uma medida inédita da comissão da Câmara dos Representantes, que quer apurar o sucedido em 6 de janeiro de 2021, quando apoiantes de Donald Trump tentaram impedir a certificação eleitoral da vitória de Joe Biden nas presidenciais, noticia o The Washigton Post.

Os membros da comissão pretendem analisar as conversas de McCarthy com o então Presidente Donald Trump, antes, durante e após o ataque, e as reuniões que os outros quatro congressistas tiveram com a Casa Branca, enquanto Trump e seus assessores conspiravam para reverter esta derrota eleitoral.

“Estes membros incluem-se naqueles que participaram em reuniões na Casa Branca, que tiveram conversas diretas com o Presidente Trump antes e durante o ataque ao Capitólio e aqueles que estiveram envolvidos no planeamento e coordenação de certas atividades antes e durante 6 de janeiro, referiu o comité de investigação, durante o anúncio das intimações.

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O deputado Bennie G.Thompson, que preside a comissão e que é citado pelo jornal norte-americano, afirmou ainda que o comité “sabe” que vários “colegas têm informações relevantes para a investigação ao ataque de 6 de janeiro”.

“Pedimos aos nossos colegas que cumpram a lei, cumpram o seu dever patriótico e cooperem com nossa investigação, como centenas de outras testemunhas fizeram”, apelou comissão da Câmara dos Representantes.

O comité quer que Andy Biggs e Scott Perry façam os seus depoimentos em 26 de maio, Jim Jordan em 27 de maio e Kevin McCarthy e Mo Brooks deponham em 31 de maio. As intimações surgem numa fase em que a investigação se aproxima do final e a comissão se prepara para uma série de audiências públicas, que devem começar a 9 de junho. Intimações para membros efetivos do Congresso, especialmente para um líder partidário, são praticamente nulas nas últimas décadas.

A comissão de investigação já tinha pedido a cooperação voluntária dos cinco republicanos, assim como a outros legisladores do Partido Republicano, mas todos negaram o pedido para prestar declarações.

Após ser tornado pública a intimação, Kevin McCarthy recusou-se a dizer se a cumpriria enquanto reiterava as suas críticas ao comité. “Não estão a conduzir uma investigação legítima. Parece que só querem ir atrás dos seus oponentes políticos”, acusou.

Todavia, McCarthy já tinha anteriormente reconhecido que falou com Trump em 6 de janeiro de 2021, conversa que decorreu enquanto apoiantes do antigo Presidente dos EUA invadiam e agrediam as forças policiais no Capitólio. No entanto, o líder dos republicanos na câmara baixa do Congresso nunca acrescentou muitos detalhes a esta telefonema com o magnata.

Este painel da Câmara dos Representantes pretende apurar não apenas a conduta de Trump em 6 de janeiro de 2021, quando este apelou à multidão para “lutar incessantemente” contra o resultado eleitoral, mas também os esforços do republicano, e da sua equipa, meses antes, na contestação da derrota eleitoral ou na obstrução a uma transição pacífica de poder.