O diretor de aconselhamento ético do MI6 argumentou, numa crítica a um livro que aborda a espionagem no mundo, que os espiões atuam não apenas com base em argumentos morais, mas sim na defesa do interesse nacional do seu país. Na crítica, defende ainda que o momento de crise atual é tão intenso, a nível de espionagem, como o era durante o período da Guerra Fria.

Mantendo o anonimato, o elemento do MI6 criticou, na edição desta semana do Times Literary Supplement, o livro “Espiar por um um vidro de forma negra” — do inglês “Spying Through a Glass Darkly” — de Cécile Fabre. No livro, a autora argumenta, segundo o The Guardian, que “a espionagem ao serviço de uma política externa injusta é geralmente injustificada” afirmando ainda que existe, como resultado, “uma assimetria moral entre agências de inteligência em diferentes lados de um conflito”.

Para sustentar a sua hipótese, a autora comparou dois famosos espiões que serviram de toupeiras durante a Guerra Fria: Oleg Gordiebsky, agente do KGB que fornecia informação ao Reino Unido, e Kim Philby, que fez o mesmo enquanto trabalhava no MI6 passando segredos para a União Soviética.

Segundo a autora, Gordievsky tinha “boas provas” em como o Reino Unido “daria às informações um uso moralmente justificado” pelas tradições democráticas do país. Já Kim Philby “não teria essas provas”, estabelecendo uma “diferença moralmente crucial entre os seus dois atos de traição“.

O conselheiro de ética do MI6, contudo, realçou que esta análise do livro não teve em conta a realpolitik das relações internacionais. “Todas as políticas externas devem balancear valores e interesses. Sem o primeiro, é moralmente deficitária, mas a ideia de ignorar o último é uma ilusão.”

O diretor de aconselhamento ético do MI6 disse ainda, na sua crítica, que as ameaças de países como a Rússia e a China atingiram um ponto visto pela última vez antes da queda do Muro de Berlim. “Aqueles de nós que trabalham na área da inteligência têm de aceitar que estamos num conflito tão potente agora como era durante a Guerra Fria.”

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