Sentado no banco, a olhar em redor, a cabeça de Nelson Veríssimo pouco antes do início acompanhava o ritmo dos cânticos que vinham das bancadas do Estádio Capital do Móvel onde muitos adeptos do Benfica, mesmo não tendo um “objetivo” palpável para atingir na última jornada do Campeonato, fizeram questão de marcar presença num espírito quase festivo a apoiar a equipa. No final, e depois do triunfo frente ao P. Ferreira, sobrava um brilho nos olhos e o aplauso perto das bancadas onde se concentravam mais pessoas dos encarnados. 90 minutos depois, chegava assim ao fim a segunda passagem do técnico no cargo.

Roger, daqui Henrique a levantar voo. Over and out (a crónica do P. Ferreira-Benfica)

Como o próprio reconhecera na antecâmara da partida, a temporada nunca teria uma avaliação positiva em termos nacionais apesar da chegada aos quartos da Liga dos Campeões. Pela segunda vez consecutiva, o Benfica acabou sem títulos e na terceira posição, com menos pontos do que em 2020/21 mas mais golos marcados e sofridos. Pior do que isso, é preciso recuar 16 anos para se encontrar uma época com uma pontuação menor, nesse caso com Ronald Koeman (que também chegou aos quartos da Champions). Ainda assim, e assumindo esse fracasso, Veríssimo voltou a olhar para o copo meio cheio.

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“Dá um gozo especial porque o objetivo passava por terminar a Liga com uma vitória. Sabíamos que íamos defrontar uma boa equipa, que fez um Campeonato tranquilo, e que teríamos de estar muito bem para ganhar a equipa do P. Ferreira. Apresentámos um onze diferente, com jogadores mais jovens, não foi uma questão de oportunidade mas sim de acreditar no valor que têm e de perceber que em determinados momentos há possibilidade de apostar em jogadores mais novos e eles deram uma excelente resposta. Estiveram aqui estes jogadores que jogaram hoje mas tenho consciência que há mais na equipa B, nos Sub-23 e nos Sub-19, numa perspetiva a médio prazo, que não tiveram a oportunidade de estar aqui mas tinham capacidade. É uma questão de oportunidade em função das necessidades e das opções” começou por dizer o técnico que assumiu o comando no final de dezembro, após a saída de Jorge Jesus, na flash da SportTV.

“Foi um jogo aberto, os guarda-redes estiveram muito bem, o Helton fez duas ou três defesas que evitou o golo do P. Ferreira, o André [Ferreira] também teve uma ou outra defesa que podia permitir uma vantagem maior. Foi disputado, com duas equipas que tornaram o jogo competitivo por quererem assumir com bola. Foi interessante de seguir e a vitória foi justa”, acrescentou ainda a propósito do encontro.

“Tenho um sentimento que a missão não foi cumprida porque não conseguimos conquistar nenhum título mas saio com a consciência que tudo fiz para que o desfecho fosse outro e satisfeito com aquilo que foi a postura dos jogadores, os mais velhos, os mais novos, a ligação que eles criaram entre eles ao longo destes quatro ou cinco meses e hoje abrimos uma porta para o futuro. Comentei com os jogadores que não seria o último jogo da época mas sim o primeiro da época seguinte e abrimos o futuro da próxima equipa”, concluiu o técnico que já assumiu a saída da Luz e a vontade de ter uma experiência no estrangeiro.

Em destaque esteve também Henrique Araújo, um dos cinco jogadores da formação que iniciaram o jogo no onze inicial antes das entradas dos estreantes Martim Neto e Diego Moreira, fazendo o primeiro bis a equipa principal naquela que foi a sua primeira titularidade. “Fico satisfeito. Pelo contexto do Campeonato, houve esta oportunidade de trazer alguns jogadores da B para jogarem este jogo e estávamos aqui para tentar aproveitar as oportunidades e acho que correu bem. A equipa esteve muito bem. Um jogo sem sofrer golos também é importante e fico muito satisfeito”, frisou na zona de entrevistas rápidas da SportTV.

“Golos de pé esquerdo? Depende de onde a bola vem, temos de usar o pé que estiver mais à mão e hoje correu bem. Tive oportunidade de marcar o terceiro mas não aconteceu. Tiago Gouveia? Já jogo com ele há alguns anos. É mais fácil porque ele já me conhece, eu já o conheço mas os da equipa A também nos recebem bastante bem e metem a bola onde eu quero. A seguir é fazer o meu trabalho. Foi uma época difícil, a equipa não conseguiu o objetivo principal que era o Campeonato. Em termos individuais correu-me bem, consegui evoluir na equipa B que era o que pretendia e aproveitar as oportunidades da melhor maneira na A. Agora?  Vou continuar a fazer o que tenho feito e esperar pelas oportunidades. Quando elas aparecerem vou tentar aproveitar da melhor maneira e tentar ganhar títulos pelo Benfica”, acrescentou.