Investigadores do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) estão a desenvolver biossensores flexíveis que, integrados em pensos de origem natural, permitem monitorizar feridas crónicas e uma cicatrização “mais eficiente”, foi anunciado esta sexta-feira.

Em comunicado, o ISEP esclarece que o projeto, intitulado SmartBioPatch, arrancou no início do ano com o propósito de “desenvolver biossensores inovadores, flexíveis e de baixo custo” para monitorizar feridas crónicas.

Integrados em pensos de origem natural, estes biossensores vão ter capacidade para “detetar biomarcadores relevantes de ferida crónica”, permitindo uma “monitorização local e, consequentemente, possibilitar estratégias de cicatrização mais eficientes”.

“A grande novidade é o uso de componentes de baixo custo e de tecnologia simples e de fácil utilização”, observa o instituto, acrescentando que a produção de anticorpos plásticos com capacidade de imitar o reconhecimento biológico será possível através da técnica de impressão molecular, procedimento explorado pelo grupo BioMark do ISEP.

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A capacidade de detetar a existência de uma infeção ou inflamação permitirá uma intervenção terapêutica “apropriada”, “reduzindo os períodos de hospitalização e evitando amputações de membros inferiores”, salienta o instituto, dando como exemplo as úlceras de pé diabético, uma das complicações mais comuns e dispendiosas associadas à diabetes.

Citada no comunicado, Gabriela Martins, investigadora do BioMark, esclarece que a recolha de informação destes biomarcadores pode “possibilitar importantes avanços ao nível do diagnóstico e da terapêutica”.

Este projeto pretende tirar partido da informação fornecida em tempo real relativamente a biomarcadores do processo de inflamação para permitir uma melhor gestão e tratamento destas feridas”, afirma.

Ainda que a investigação na área dos pensos inteligentes para feridas crónica tenha crescido nos últimos anos, o ISEP salienta que tal evolução “ainda não se concretizou em produtos comercialmente disponíveis, principalmente em contexto não hospitalar”.

“Esta lacuna pode-se dever ao facto de este tipo de dispositivos envolver ainda tecnologia complexa e de elevado custo”, nota, destacando que um dos fatores “diferenciadores” do projeto é a utilização de componentes de “baixo custo e de tecnologias simples”.

De acordo com Gabriela Martins, o objetivo é que estes pensos possam dar “uma indicação do processo de cicatrização através da alteração de cor”.

“Assim, será uma leitura fácil de obter e compreender, o que facilita substancialmente a sua utilização. Para além disso, a escolha do material de membrana terá em conta algumas propriedades benéficas para o próprio processo de cicatrização”, adianta.

O projeto SmartBioPatch é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), no âmbito do concurso de projetos de inovação e desenvolvimento em todos os domínios científicos.