O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, desvalorizou, esta sexta-feira, as ameaças do Kremlin à Finlândia e à Suécia, indicando que foi a Rússia quem “estilhaçou a ordem de segurança europeia”.

Em Helsínquia após uma reunião com o homólogo finlandês, Pekka Haavisto, Gomes Cravinho responsabiliza a Rússia pela adesão das duas nações nórdicas à organização. “É mais do que óbvio de que a adesão da Finlândia e da Suécia, que era uma questão que não se colocava há meses, foi [desencadeada] pelos comentários por parte da Rússia.”

Na senda das ameaças russas, João Gomes Cravinho explica ainda que a NATO é uma “aliança defensiva” e que “não é agressiva para nenhuma parte”. “Os membros possuem garantias mútuas em caso de ataque a terceiros”, sublinha.

Sobre a oposição da Turquia à entrada da Finlândia e da Suécia na NATO, o ministro dos Negócios Estrangeiros indica que a NATO discutirá o assunto, mas não acredita que “haja problemas de maior que não possam ser resolvidos”. “Não vale a pena especular demasiado, não conheço em pormenor o pensamento da Turquia sobre esta matéria”, frisa Gomes Cravinho, que afirma que “existem interesses estratégicos” que seriam benéficos para a NATO com a adesão da Suécia e da Finlândia.

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Assinalando que nunca existe “homogeneidade” entre os 30 membros da Aliança e existem vários pontos de vistas, Gomes Cravinho manifesta-se “confiante” de que “os interesses estratégicos da NATO” impor-se-ão às alegadas divergências.

O ministro salienta também que os países entram oficialmente na aliança militar quando os 30 países ratificaram essa decisão, mostrando-se confiante que, no Parlamento português, haverá uma “resposta unânime”. Gomes Cravinho prevê um “apoio esmagador de 80 a 90% a favor da adesão”. “Se assim for, não haverá dificuldade de ratificação” na Assembleia da República, prevê.

No que concerne ao apoio da Finlândia e da Suécia no período de interregno entre o pedido de adesão e a ratificação dos 30 Estados-membros, Gomes Cravinho revela que esse assunto será discutido no sábado e no domingo, na reunião extraordinária da NATO, em Berlim.

Contudo, Gomes Cravinho aponta que é provável que “individualmente” haja garantias de segurança de alguns dos membros para ajudar os dois países em caso de ataque. O Reino Unido, por exemplo, já anunciou que o faria.