A União Europeia está a ter dificuldades em doar vacinas contra a Covid-19 a países africanos, afirmou, esta sexta-feira, o diretor da agência europeia para a segurança sanitária, referindo que “não as querem receber”.

Pierre Delsaux declarou aos jornalistas à margem de uma visita ao Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) que as doações de vacinas de estados-membros têm uma dificuldade: “Simplesmente, esses países não estão disponíveis para as receber”.

Se se falar com povos africanos, têm a ideia de que a Covid-19 acabou e têm a ideia de já não é preciso ter vacinas. Estamos a dar o nosso melhor para dizer a esses países que ainda continuam a ter de vacinar a população. Estamos dispostos a dar-lhes as melhores vacinas do mundo, mas é uma mensagem difícil”, declarou o diretor da Autoridade de Preparação e Resposta a Emergências Sanitárias, criada pela Comissão Europeia.

Parte do esforço passa por financiar nos países destinatários de doações campanhas para sugerir aos seus cidadãos “a importância e os benefícios” de se vacinarem.

A tarefa principal da agência é fazer os contratos de fornecimento de vacina aos estados-membros e apoiar a investigação dos estados-membros como Portugal, onde a HERA financiou a compra de um sequenciador genético que o INSA usa para analisar os códigos genéticos das amostras de vírus recolhidas em todo o país, um projeto no valor de 2,5 milhões de euros.

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A missão é “preparar o dia em que haja uma nova pandemia”, para a qual não há qualquer previsão, mas que poderá acontecer daqui a “cinco, dez, vinte anos”, referiu.

“Mas detetar as ameaças não chega. Temos que investir em novas terapias e vacinas, ter contramedidas e capacidade suficiente para enfrentar uma nova crise”, com stocks de máscaras ou outros equipamentos.

Atualmente, a agência também está a intervir junto dos refugiados ucranianos que estão a chegar a países da União Europeia, e que “podem ter que ser novamente vacinados para a Covid-19”.

Além disso, “alguns desses refugiados enfrentam doenças que não há necessariamente tanto na parte ocidental da Europa”, frisou, exemplificando com a tuberculose, que “está mais disseminada na Ucrânia do que em outras partes da Europa”.

“Não estou a dizer que todos têm a doença nem estou a dizer que todos têm que ser vacinados“, ressalvou, afirmando que a tarefa da agência que dirige é garantir que os meios existem caso sejam precisos.