A jornalista chilena Francisca Sandoval morreu, esta quinta-feira, após ter sido baleada na cabeça enquanto cobria a manifestação no Dia do Trabalhador no bairro Meiggs em Santiago, no Chile.
O óbito da jornalista de 29 anos foi confirmado pelo Hospital de Urgência e Assistência Pública, no centro da capital, onde estava internada desde o dia fatal: foi operada e manteve-se durante 12 dias em suporte avançado de vida mas nunca apresentou melhorias neurológicas e sofreu uma falha multiorgânica, que se revelou fatal.
— HUAP (@huap_posta) May 12, 2022
Sandoval é a primeira jornalista morta em trabalho desde o regresso da democracia ao Chile em 1990, recorda o El País. A jovem foi baleada no rosto por Marcelo Naranjo, acusado dos crimes de homicídio, porte ilegal de arma e disparos injustificados. O chileno, que já tinha cadastro por crimes de porte de armas de fogo e tráfico de drogas em 2007, 2011 e 2014, é até agora o único suspeito da morte Francisca.
Tudo aconteceu quando um grupo de manifestantes provocou incidentes junto dos negócios de vendedores ambulantes em Meiggs. Houve roubos, barricadas, confrontos com a polícia e até lançamento de cocktails molotov. Os vendedores, vinculados às máfias, segundo o El País, responderam com disparos, dos quais resultaram três feridos: duas mulheres e um homem. Sandoval era a vítima em estado mais grave.
O Canal 3 de La Victoria no Chile, para o qual Francisca Sandoval trabalhava, deixou uma despedida emotiva na rede social Twitter: “Francisca não nos deixou. Eles assassinaram-na”.
Francisca no se nos fue. La asesinaron. A través de estas palabras confirmamos el fallecimiento de nuestra querida Fran. Te extrañaremos y haremos todo lo posible para encontrar la verdad.
— Señal 3 La Victoria (@tv_piola) May 12, 2022
Durante os vários dias em que Francisca se encontrava hospitalizada, foram muitos os manifestantes que se concentraram-se à porta do hospital para exigir justiça. No dia 3 de maio, o Presidente chileno, Gabriel Boric, reuniu-se com a família da jovem, tendo sido vaiado à saída, segundo o El País.
Após a confirmação da morte, Boric apresentou as suas condolências através da página oficial do Twitter, tendo condenado o clima de violência que se vive na América Latina que considera ser prejudicial à democracia. Assegurou ainda que o crime não ficará impune.
“É assim que começam as piores tragédias da América Latina, a atacar a imprensa”, advertiu o Presidente chileno.
La violencia perjudica la democracia y daña familias irreparablemente. Nuestro compromiso es con la seguridad y la justicia, y no descansaremos en ese afán. Mi sentido pésame y abrazo a la familia de Francisca Sandoval, víctima inocente de delincuentes. No permitiremos impunidad.
— Gabriel Boric Font (@gabrielboric) May 12, 2022
A Comissão de Proteção aos Jornalistas exigiu um apuramento de responsabilidades, segundo o Biobiochile, e exigiu ao governo que ofereça garantias aos jornalistas para que estes “possam realizar o seu trabalho sem colocar as vidas em risco”.
Segundo informações recolhidas pelo jornal chileno, foi decretado um período de investigação de 90 dias, tendo o governo apresentado uma queixa com pedido de acusação criminal dos responsáveis.
Jornalista da Al Jazeera morre em confrontos entre forças israelitas e palestinianas