O dia podia ser de festa mas Sérgio Conceição nem por isso esqueceu que existia um jogo, a luta por mais três pontos que poderiam dar mais um recorde à caminhada dos azuis e brancos e um triunfo para fechar da melhor forma. E foi por isso que mostrou várias vezes o seu descontentamento na primeira parte com aquilo que a equipa não conseguia fazer. No segundo tempo, aí, já em vantagem, vibrou com um remate do filho Francisco que levava selo de golo mas foi desviado por Thiago Silva, lançou mais três campeões em campo e acabou a abraçar Fernando Andrade em lágrimas a dedicar-lhe o golo que fechou o triunfo frente ao Estoril. O penúltimo objetivo da época estava alcançado, a festa estava prestes a começar.

“[Onze diferente?] Não podemos parar, olhei para a equipa que, para este jogo, me dava mais garantias e foi dessa forma que montei a equipa. Também a pensar na final da Taça de Portugal que é o mais importante, mas nunca preparando dois jogos ao mesmo tempo. Acho que também mereciam jogar estes jogadores que foram entrando. A dedicação é máxima, o espírito é fantástico e o momento em que o Fernando fez golo resume isso, a alegria de todos, isso espelha bem o nosso balneário”, começou por dizer o treinador dos azuis e brancos na zona de entrevistas rápidas da SportTV após o encontro.

“Senti-me emocionado com esse golo. O Fernando fez um início de época muito bom, lesionou-se com gravidade, perguntaram-me se podia fazer o trabalho de recuperação no FC Porto e eu disse que sim. É um de nós, acompanhámos os meses de sofrimento e dedicação dele, sempre com um espírito fantástico e teve este merecido prémio. Trabalha muito bem, o Cláudio Ramos igual, o Meixedo, o Rúben…”, prosseguiu, destacando também a possibilidade de poder festejar com os adeptos. “É o condimento que faltou em 2020. Eles estavam todos contentes, eu também, de ser campeão há dois anos, mas agora temos aqui obviamente todos os condimentos que fazem desta festa uma festa ainda mais bonita”, acrescentou.

“O que diriam os meus pais? Diziam-me que valeu a pena o imenso sacrifício que eles fizeram para me criar e educar, a mim e aos meus irmãos. Prometi-lhes, cada dia para mim era uma justificação para ser melhor homem, naquilo que fizesse, o melhor profissional possível. Dedicação máxima para agradecer e dedicar-lhes. Estão diariamente comigo, nos meus pensamentos. Partiram, não estão fisicamente cá, mas estão sempre comigo”, concluiu nessa primeira intervenção logo após o jogo com o Estoril.

Mais tarde, o técnico foi um dos mais saudados na entrega do troféu de campeão e das medalhas, com uma curiosidade que juntou dois dos nomes mais aplaudidos da noite num momento simbólico em que Sérgio Conceição entregou a medalha do título a Pinto da Costa que não conteve a emoção no momento.

“Obrigado às famílias dos jogadores que estão aqui no relvado, o título também é deles. É um momento maravilhoso, onde todos têm de usufruir. Presto sempre homenagem à minha mulher, de diferentes maneiras. É preciso alguém com paciência para me aturar. Com tantos filhos e tantos na mesma profissão, a viver futebol em casa de forma apaixonada, é preciso alguém com paciência e solidez na personalidade para aguentar este barco. São muitos anos juntos, já me conhece. Às vezes falamos com o nosso silêncio. O nosso início de vida foi difícil mas temos filhos maravilhosos. Fico emocionado quando falo sobre isto. Não dou elogios baratos e eles merecem todos os elogios do mundo. São eles os meus heróis”, comentou mais tarde o treinador, quando jogadores e famílias tiravam fotografias no relvado do Dragão.

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