O presidente da União de Freguesias de Aldoar, Foz e Nevogilde, Tiago Mayan, afirmou este sábado que a auscultação sobre as Avenidas Atlânticas, no Porto, mostra que a população “não quer uma reversão, nem voltar ao que existia anteriormente”.

“O que me parece resultado desta auscultação pública é que a esmagadora maioria da população não está satisfeita com a atual situação, mas também não quer voltar ao que existia anteriormente”, afirmou este sábado o presidente da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde.

Em declarações à Lusa, Tiago Mayan (Iniciativa Liberal), salientou que o relatório da auscultação pública da obra das avenidas Brasil e Montevideu evidencia que “a proposta de reversão, que correspondia à proposta B e foi sempre o que o PSD defendeu, foi precisamente a que teve menos adesão do público”.

“Naturalmente que quem defendeu sempre no PSD a reversão, é natural que agora se sinta um pouco desconfortável ao perceber que é precisamente essa opção que tem menos adesão do público”, observou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na sexta-feira, o candidato pelo PSD àquela união de freguesias e eleito deputado da assembleia, João Pedro Antunes, afirmou que os resultados foram “deturpados” e que o partido “não se revê” nas soluções apresentadas.

O social-democrata afirmou ainda que o movimento independente de Rui Moreira andou a “brincar com os números”, ao dizer no relatório que 45% das participações mostraram preferência pelas propostas C (15%) e C1 (30%), soluções que pressupõem a diminuição do número de vias de circulação automóvel e a permanência da ciclovia no canal viário.

“Ganhou a proposta A, depois a C1, a B e a C. A câmara diz [no relatório] que a proposta vencedora é a C mais a C1. Isto é brincar com os números. O que resultou desta auscultação é que 55% das pessoas querem uma reversão, ou a A ou a B”, afirmou João Pedro Antunes.

Em reação às afirmações do social-democrata, Tiago Mayan disse estar “longe de ser verdade” a contra-argumentação do PSD, nomeadamente, de que “a proposta A e B são equivalentes e podem ser somadas”.

Destacando que o relatório “não é conclusivo, nem toma decisões”, o autarca sublinhou que o propósito da auscultação pública era “perceber a sensibilidade das pessoas para a ocupação daquele espaço”, que integra faixas de rodagem, ciclovia e passeio marítimo.

“O que vimos foram perfis de ocupação do terreno, não foram projetos”, notou, acrescentando que outra das evidências do relatório é que “não há unanimidade, nem sequer uma maioria esmagadora sobre qualquer uma das propostas”.

Apesar de desconhecer a decisão do município, Tiago Mayan disse acreditar que a mesma terá em conta as propostas já apresentadas e “algumas variações e nuances”, fruto das sugestões feitas pelas 943 entidades que participaram na auscultação, como por exemplo, a elevação das passadeiras ou paragens de autocarro em formato de ilha.

Para Tiago Mayan, a proposta “mais adequada” para resolver o problema das Avenidas Atlânticas é a proposta C, principalmente porque, é a “menos intrusiva, mais barata e pode ser aplicada rapidamente no terreno”.

“Diminuir o problema na circulação automóvel para aumentar o problema na faixa pedonal, na minha perspetiva, não é uma solução”, disse, lembrando que o peão é um elemento “bastante heterogéneo” e que o passeio marítimo necessita de espaço para albergar essa heterogeneidade.

O relatório que agrega os resultados da auscultação pública da reversão das Avenidas Atlânticas, a que a Lusa teve acesso a 03 de maio, refere que 31% das participações indicaram preferir a solução A, que mantém as quatro vias de circulação automóvel, o estacionamento longitudinal e a ciclovia, aumentando de forma generalizada a largura tanto da faixa de rodagem automóvel, como ciclável.

A proposta B, solução que também mantém a largura do canal viário existente, foi selecionada por 24% dos participantes. Nesta solução, a ciclovia passa para o passeio marítimo e a “segurança” entre os ciclistas e peões é feita através de bancos e floreiras “colocadas pontualmente”.

A reversão das Avenidas Atlânticas foi uma das medidas propostas pelo PSD no âmbito do acordo de governação estabelecido com o movimento independente liderado por Rui Moreira.

O relatório com os resultados da auscultação pública foi analisado e discutido na terça-feira pelos deputados da assembleia de freguesia de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde.