Dois juízes do Tribunal de Beja pediram escusa do julgamento dos militares acusados de crimes como sequestro, ofensas à integridade física qualificada e abuso de poder contra imigrantes tailandeses que trabalhavam em Odemira.

Como escreve esta segunda-feira o Jornal de Notícias, os juízes Ana Batista e Vítor Maneta fizeram o pedido ao Tribunal da Relação de Évora para evitarem problemas futuros no processo. Isto porque já julgaram e condenaram, há dois anos, cinco militares do Destacamento Territorial de Odemira — três deles acusados no processo atual — por agressões a imigrantes, nesse caso indianos, em 2018. Os juízes dizem querer manter a sua isenção, evitando assim que a defesa dos acusados levante problemas.

São sete os militares acusados neste caso e somam um total de 33 crimes no julgamento, que só será marcado quando houver uma decisão do Tribunal de Évora sobre os pedidos de escusa.

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Segundo a acusação do Ministério Público, os militares da GNR terão sequestrado e agredido os imigrantes, motivados por “caprichos torpes”, com “desprezo” e “manifesto ódio” pelas nacionalidades das vítimas, relatava em março a Lusa, quando ficou confirmado que os militares iriam a julgamento.

Militares da GNR que terão agredido imigrantes em Odemira vão ser julgados

Em dezembro, a Inspeção-Geral da Administração Interna abriu sete processos disciplinares aos militares para apurar responsabilidades do comandante daquele posto. Os militares ficaram com as suas funções suspensas, por decisão da então ministra da Justiça (na altura já a acumular funções como ministra da Administração Interna, após a demissão de Eduardo Cabrita), Francisca Van Dunem.