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O "viagra" da Roma Antiga foi vítima das alterações climáticas

Este artigo tem mais de 1 ano

Não se sabia o que fez desaparecer silphium, erva de culto dos romanos, até pelas suas qualidades afrodisíacas. Júlio César tinha meia tonelada guardada, por exemplo. Novo estudo desfaz o mistério.

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Durante dois mil anos as pessoas interrogaram-se sobre o que teria acontecido para que a (valiosa) erva silphium se extinguisse na época de Nero. Agora, um estudo, publicado na revista científica Frontiers in Conservation Science, aponta o crescimento da população urbana e a desflorestação — que, consequentemente, mudaram o microclima da região onde o silphium florescia — como as principais causas do seu fim.

Os romanos utilizavam a versátil erva como perfume, medicamento e transformavam-na num tempero, chamado “laser” – “crucial” na alta cozinha do Império Romano, especifica a BBC Future. O filósofo Plínio, o Velho exaltou-a como uma cura contra mordidas de cães, veneno de cobra e hemorróidas e a erva também mereceu o interesse de Heródoto e de Teofrasto.

O silphium era útil até dentro do quarto: além de afrodisíaco, pode ter sido um dos primeiros métodos contracetivos. “É difícil exagerar o quão importante era o silphium, porque os romanos, em particular, eram absolutamente obcecados pela planta”, vincou ao The Guardian Paul Pollaro que, juntamente com Paul Robertson, da Universidade de New Hampshire (EUA), assina o estudo.O imperador Júlio César não foi exceção: tinha mais de meia tonelada nos seus cofres. E até as moedas na antiga Líbia tinham o silphium cunhado na parte da frente da moeda, enquanto a imagem do imperador ficava na parte de trás.

Coin Depicting Silphium Plant

Os romanos cunhavam moedas na Líbia antiga que tinham, no anverso, o silphium e, no reverso, o deus ou o rosto do imperador

Heritage Images via Getty Images

“A narrativa de que [a erva se extinguiu] devido a uma mistura de colheita excessiva com pasto excessivo – tornava a carne das ovelhas mais valiosa — tem sido muito frequente. O nosso argumento é que, independentemente do volume que foi colhido, se o clima estivesse a mudar, o silphium seria extinto de qualquer maneira”, vincou ao The Guardian Paul Pollaro, que assina o estudo, juntamente com Paul Robertson, ambos da Universidade de New Hampshire (EUA).

Esta planta só crescia na Cirenaica (antiga Líbia) e, segundo a BBC Future, ocupava uma área de 201 quilómetros de comprimento por 40 quilómetros de largura. Os administradores deste território do norte de África fixaram limites à colheita de silphium e vedaram as áreas onde crescia. “Há evidências de que sabiam que a erva estava a diminuir e que tentaram preservá-la. Mas todas estas táticas acabaram por ser irrelevantes, porque já tinha mudada o microclima”, explicou Pollaro.

A destruição das florestas —  feita pelos gregos e pelos romanos que assumiram o controlo de Cirenaica por volta de 90 a.C. — para construir casas e cultivar alimentos para a população mudou os padrões das chuvas, causando maior erosão nas encostas onde o arbusto crescia.

Tal foi confirmado, disse Pollaro, por escavações na caverna Haua Fteah, perto de Benghazi (Líbia). “De certa forma, o valor do silphium foi a causa do seu próprio declínio. Sem silphium, a economia de Cirenaica não teria crescido tanto”, atirou.

O que aconteceu no passado pode repetir-se no presente. O café, a cenoura e o arroz estão em risco, garantiu ao jornal britânico a professora Monique Simmonds, da Kew Gardens, deixando um aviso: “Se não fizermos o trabalho e recolha de espécies selvagens, não teremos reservas de material genético em bancos para fazer cruzamentos no futuro”.

Igualmente a asafoetida, uma seiva extraída de uma erva que cresce em zonas do Afeganistão e noutros países vizinhos e que é amplamente utilizada na Índia, está em risco por causa das mudanças no clima da região.

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