A CP suprimiu cerca de 93% dos comboios programados entre as 00h00 e as 8h00 desta segunda-feira devido à greve de 24 horas dos trabalhadores para reivindicar aumentos salariais de 90 euros, de acordo com informações avançadas ao Observador por fonte oficial da empresa.

De acordo com o balanço feito pela CP — Comboios de Portugal, entre as 00h00 e as 8h00 registaram-se 235 supressões, cerca de 93% dos comboios programados, que seriam 252.

“Ontem [domingo] entre as 00h00 e as 24 horas foram suprimidos 191 comboios a nível nacional, cerca de 24% do total de circulações previstas”, adiantou ainda a fonte da CP, às 7h00.

A greve está a condicionar o trânsito nas principais vias da cidade de Lisboa. De acordo com fonte oficial da Divisão de Trânsito do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, no IC 19, há fila até ao Cacém, com um acidente que está a ocupar duas vias e a dificultar ainda mais a circulação. A entrada da A1 Norte está totalmente parada. Também a CRIL está cheia, com um acidente no Túnel do Grilo. Situação semelhante na Ponte 25 de abril, com o trânsito congestionado, apesar de não ser diretamente afetada com a greve da CP.

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A greve decorre entre as 00h00 e as 24h00, mas abrange também os trabalhadores que iniciaram o seu período de trabalho no domingo ou que iniciem o seu período de trabalho nas últimas horas de segunda-feira e terminem na terça-feira.

O Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), sindicato que na CP representa a maioria dos trabalhadores do serviço comercial e transporte (revisores, trabalhadores das bilheteiras e as suas chefias diretas) adiantou em comunicado que até às 20h00 de domingo tinham sido suprimidos 200 comboios.

A decisão foi tomada no final de abril, em plenários descentralizados de trabalhadores que se realizaram no Porto, no Entroncamento e em Lisboa e foram promovidos pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF), da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans).

O coordenador da Fectrans, José Manuel Oliveira, disse à agência Lusa que a decisão dos trabalhadores é “um protesto contra a intransigência do Governo e da CP, o arrastamento das negociações e os salários baixos”.

“O principal motivo desta greve são os aumentos salariais, embora estejam também em causa outras matérias, como a aplicação do Acordo de Empresa da CP aos trabalhadores da antiga EMEF, para acabar com as desigualdades”, disse o sindicalista.

A Fectrans e o seu sindicato, filiados na CGTP, reivindicam um aumento mínimo de 90 euros para todos os trabalhadores da CP, a quem foi aplicada uma atualização de 0,9%, tal como foi imposto a todo o Setor Empresarial do Estado e Administração Pública.

“Se queremos a modernização do caminho-de-ferro, é preciso também apostar nos trabalhadores ferroviários”, defendeu José Manuel Oliveira.

Na resolução aprovada nos plenários, os trabalhadores exigem a continuação das negociações da revisão do Acordo de Empresa e do Regulamento de Carreiras, “que valorize os salários de modo a fazer face ao brutal aumento do custo de vida, valorize as profissões e proceda à integração dos trabalhadores da ex-EMEF sem perda de direitos e redução de remunerações”.

Para os trabalhadores, “a proposta de aumento salarial de 0,9% significa, na prática, mais um ano sem aumento dos salários, com a agravante de acontecer num ano em que o custo de vida aumenta de forma galopante”.

Artigo atualizado às 9h20 com novos dados sobre o número de comboios suprimidos