A publicação de um artigo no The Guardian sobre o estado de saúde de Zhu-Zhu, a cadela de Igor Pedin, o ucraniano que caminhou mais de 225 quilómetros para escapar da cidade sitiada de Mariupol, gerou uma onda de solidariedade que levou à criação de uma página para angariar fundos para os tratamentos médicos do animal.

Igor Pedin, de 61 anos, decidiu abandonar a sua casa em Mariupol quando as forças russas chegaram à sua zona da cidade. Acompanhado pela cadela, uma rafeira de nove anos chamada Zhu-Zhu, percorreu a pé mais de 225 quilómetros até chegar a Zaporíjia. Pelo caminho, passou por 24 postos de controlo e cruzou-se com soldados russos, que se sentaram para ouvir a sua história e que lhe encheram os bolsos de cigarros.

Atualmente em Kiev, Pedin está “feliz” por estar vivo, mas preocupado com a saúde da sua cadela, que parece ter magoado uma das patas  durante o duro trajeto até Zaporizhzhia. “Coxeia da pata da frente direita e não me deixa ver o que tem”, contou o antigo cozinheiro naval ao The Guardian. “Ela morde-me sempre que tento olhar para a pata.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A viagem entre Mariupol e Zaporizhzhia foi particularmente difícil para Zhu-Zhu, que estava sempre a parar e a sentar-se, lambendo as patas doridas, lembrou Pedin. Ao passarem por uma estrada repleta de vidros, cortou as patas. O seu olfato foi também afetado. Zhu-Zhu reage a qualquer som agudo que lhe faça lembrar os bombardeamentos, como o barulho de um autocarro a passar na rua.

Reportagem multimédia em Andriivka. Radiografia de uma aldeia sob ocupação russa durante 30 dias

Pedin quer levar Zhu-Zhu a um veterinário, mas faltam-lhe os meios necessários. Para que o animal receba o tratamento necessário, foi lançado um crowdfunding para angariar 4.999 libras (quase seis mil euros) para Zhu-Zhu. Esta terça-feira de manhã, faltavam apenas 7% para atingir o valor.

“Não consigo imaginar a minha vida sem ela”, confessou o homem de 61 anos ao The Guardian. “Antes da evacuação, prometi-lhe que a tiraria viva de Mariupol e que a levaria ao nosso destino final. Antes de sairmos de casa, disse: ‘Vai e canta como um soldado que marcha’, e ela caminhou para a porta. Prometi-lhe que ficara comigo até ao fim.”

Azov. Neonazis ou propaganda russa? A história e a ideologia do batalhão que resistiu em Mariupol