A Ucrânia venceu, no passado sábado, a 66.ª edição Festival Eurovisão da Canção, o que foi interpretado com uma mensagem de solidariedade da Europa ao país que está em guerra com a Rússia. Se os ucranianos celebraram o feito, o lado russo respondeu com desdém à vitória.
A jornalista nacionalista e pró-Kremlin, Yulia Vityazeva, sugeriu, nas redes sociais, que a Rússia deveria ter lançado um míssil nuclear Sarmat — também conhecido com Satanás —, até Turim, cidade que recebeu o Festival da Eurovisão, que “deveria ter explodido”.
Very scary nationalist "journalist" Yuliya Vityazeva proposes blowing Eurovision up with a "Satan" nuclear missile. pic.twitter.com/NL6Oz8X27X
— Dr. Ian Garner (@irgarner) May 14, 2022
Ridicularizando as intenções do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de receber a próxima edição do certame musical em território ucraniano, Yulia Vityazeva disse ter “grandes dúvidas” de quem em maio do próximo ano “ainda existirá” Ucrânia “no seu formato atual”.
As forças russas também reagiram à vitória ucraniana, mais concretamente às palavras de Oleh Psiuk, vocalista da Kalush Orchestra (o grupo que venceu a Eurovisão), que terminou a atuação a pedir que a Europa ajudasse Mariupol e a situação na fábrica siderúrgica de Azovstal. Em mísseis, alguns soldados russos escreveram as declarações do intérprete ucraniano, juntamente com a hashtag, em russo, #Eurovision2022.
No Telegram, saudaram o facto de o país não ter participado no “lixo” que é a Eurovisão — e “atenderam ao pedido do grupo ucraniano da melhor forma possível”, escrevendo nos mísseis a mensagem para salvar Mariupol.
A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, também reagiu à vitória da Ucrânia. No Telegram, a responsável lamentou que a Europa tenha “aplaudido de pé” os “trajes nacionais, instrumentos musicais, dois Baba Yaga [figura na mitologia eslava de uma ogra que come criança] e break dance” da proposta ucraniana.
Já o deputado da Duma Boris Chernyshov denunciou, nas redes sociais, que a “política”, os “bots” e os “engodos” ganharam a Eurovisão: “E mais uma vez o voto do público ajudou a fazer o resultado desejado”. “Tudo isso era esperado e conhecido com antecedência. Numa cultura de cancelamento isso é normal”, atirou, acrescentando que não foi talento que ganhou. “A Ucrânia é novo Black Lives Matter“, acusou.
A Ucrânia venceu a Eurovisão por conta dos votos do público. O país recebeu praticamente a pontuação máxima de todos os países (incluindo Portugal). No entanto, o júri deu a vitória a Sam Ryder, do Reino Unido, colocando a proposta ucraniana em quarto lugar.