Os 265 militares ucranianos retidos no complexo siderúrgico de Azovstal, em Mariupol, renderam-se às forças separatistas pró-Rússia e foram feitos prisioneiros na segunda-feira, anunciou esta terça-feira o Ministério da Defesa russo.

“Nas últimas 24 horas, 265 militares renderam-se, incluindo 51 gravemente feridos“, disse o Ministério da Defesa russo num comunicado sobre a ofensiva russa contra a Ucrânia.

“Todos aqueles que precisavam de assistência médica foram enviados para o hospital de Novoazovsk”, em território separatista pró-Rússia, referiu a nota.

Na segunda-feira, a vice-ministra da Defesa ucraniano, Ganna Malyar, anunciou que 264 combatentes ucranianos, incluindo 53 feridos, foram retirados da siderúrgica para localidades em território controlado por forças russas e pró-russas no leste da Ucrânia.

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No entanto, Malyar declarou que os militares devem no futuro ser repatriados para território controlado pela Ucrânia, “como parte de um procedimento de troca” de prisioneiros.

Na segunda-feira, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou, num vídeo, que o principal era “salvar a vida” dos militares ucranianos.

“Quero enfatizar isso: a Ucrânia precisa dos seus heróis vivos. Este é o nosso princípio”, acrescentou Zelensky.

O Estado Maior do Exército da Ucrânia destacou, esta terça-feira, a retirada dos combatentes feridos da Azovstal, afirmando que “os soldados resistiram” às forças militares russas tendo por isso cumprido a missão de combate.

“A guarnição de Mariupol cumpriu a missão de combate. O Alto Comando Militar ordenou aos comandantes das unidades estacionadas em Azovstal que salvassem a vida das pessoas” que permanecem no local, refere um comunicado publicado na rede social Facebook e que está a ser citado pelas agências locais.

O “heroísmo dos defensores de Mariupol” fez recuar as tropas russas nas suas tentativas de tomar Kiev e deter a ofensiva nas regiões de Zaporijia e Donetsk, afirmou esta terça-feira o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, numa mensagem divulgada pelo meio de comunicação local Espreso.

[Os militares em Mariupol] obedeceram à ordem de conter um grupo de 20.000 invasores russos e impedi-los de avançar na direção de Zaporijia e Donetsk. São todos heróis. Agora, têm uma nova ordem a cumprir: salvarem as suas vidas”, acrescentou o ministro da Defesa ucraniano.

“Procedimentos muito complicados estão a decorrer hoje, incluindo negociações [com os russos], com a ajuda da Cruz Vermelha. Trata-se da retirada de feridos graves e outros feridos. O nosso plano é salvar as suas vidas e depois a sua liberdade”, observou Reznikov.

Na semana passada, as autoridades ucranianas disseram que mais de 1.000 soldados ucranianos — incluindo 600 feridos, segundo um de seus comandantes — ainda estavam nas galerias subterrâneas desta enorme siderúrgica, que se tornou um símbolo da resistência ucraniana à invasão russa.

Os militares ucranianos refugiaram-se na Azovstal depois de terem sofrido por mais de um mês com o cerco russo a Mariupol, um porto estratégico no sudeste da Ucrânia atacado pelos russos no início da guerra e hoje totalmente devastado.

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