O Presidente eleito timorense, que toma posse na sexta-feira, disse terça-feira que a sua “prioridade absoluta” é adotar medidas urgentes para combater a subnutrição dos mais vulneráveis e evitar que os pobres “fiquem mais pobres”.

“Tenho ideias concretas do que é necessário mobilizar. Para mim, a prioridade absoluta é evitar que, face a esta crise mundial, resultado da guerra da Ucrânia e da pandemia, os timorenses pobres fiquem mais pobres ainda e que venham a passar fome”, afirmou José Ramos-Horta em declarações à Lusa.

É inaceitável que, com as condições que Timor-Leste tem, condições financeiras, haja alguém a morrer de forme em Timor. Essa é a primeira preocupação para mim”, afirmou.

Ramos-Horta tem-se multiplicado em contactos desde a sua eleição, a 19 de abril, com as autoridades timorenses e com a comunidade internacional, incluindo agências das Nações Unidas, no intuito de encontrar medidas para responder ao problema.

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O aumento de preços está a fazer-se sentir há vários meses em Timor-Leste, afetando em particular bens alimentares de primeira necessidade, muitos dos quais são importados.

Entre as medidas propostas, Ramos-Horta referiu-se a um eventual programa com o apoio da UNICEF, no valor de 10 milhões de dólares (9,6 milhões de euros) por ano, para “eliminar a subnutrição infantil extrema”, especialmente virado para mães em gestação e crianças até aos dois anos.

Programa a ser reforçado, a médio prazo, por uma iniciativa ainda mais ampla para a abertura de escolas pré-primárias “com condições para eliminar a subnutrição e o mau aproveitamento escolar em todo o país”.

O Presidente eleito disse que os preparativos para a sua investidura e para as celebrações dos 20 anos da restauração da independência “estão a andar muito bem”, com o trabalho a ser feito pela sua equipa e pela do atual chefe de Estado, Francisco Guterres Lú-Olo.

Para depois de tomar posse, e já a pensar na sua equipa permanente, José Ramos-Horta disse que é ponto assente que haverá igualdade de género nas nomeações e contratações para a Presidência da República.

“A mensagem muito categórica a todos os meus colaboradores é de que quero igualdade, equilíbrio de género na chefia de qualquer unidade, departamento existente ou que venha a criar, rigorosa igualdade de género”, afirmou.

“A chefia é normalmente conduzida por duas pessoas, e haverá sempre um homem e uma mulher ou ambas mulheres. E haverá também equilíbrio regional, para não haver falsas interpretações de preferência a uma ou outra região de Timor-Leste, porque nós politizamos tudo aqui mesmo que não haja intenção disso”, considerou.

Ainda no que toca ao tema da igualdade de género, Ramos-Horta explicou que vai criar uma unidade de empoderamento da mulher que “não é só para organizar conferências e fóruns”, mas que ajudará a desenhar medidas concretas.

“Há um muito mau hábito em Timor-Leste e de algumas instituições internacionais, que gostam de fazer conferências que declaram um sucesso e depois continua tudo na mesma”, afirmou.

“Quero ideias concretas de que como apoiar o empoderamento das mulheres na área político-partidária, de governação, de empreendedorismo, de negócios. Medidas concretas, não apenas teorias”, sublinhou.