Investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) estão a estudar as causas dos abortamentos espontâneos recorrentes, um estudo que visa “melhorar o aconselhamento genético aos casais que sofrem perdas recorrentes de gravidez”, foi revelado esta quarta-feira.

O projeto chama-se “EpiRep — 2021: O papel dos mecanismos (epi)genéticos na maturação do ovócito e na perda de gravidez idiopática — contribuição para a reprodução humana” e é financiado em quase 50 mil euros pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).

Informação remetida à agência Lusa pela FMUP aponta que o estudo deve estar concluído em abril de 2023.

O objetivo é “avaliar os mecanismos genéticos e epigenéticos subjacentes ao processo biológico de formação das células reprodutoras femininas, os ovócitos (ovogénese), e ao desenvolvimento embrionário e fetal”, explica a professora da FMUP e investigadora principal do projeto, Sofia Dória.

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O estudo dos fatores (epi)genéticos que influenciam o desenvolvimento dos ovócitos e função placentária e que, potencialmente, explicam algumas perdas de gravidez idiopáticas permitirá o desenvolvimento de novas abordagens para ajudar a alcançar uma gravidez bem-sucedida”, acrescenta a especialista, citada em informação da FMUP.

Com este projeto, os investigadores pretendem identificar as caraterísticas essenciais associadas à regulação da transcrição e às interações dos ovócitos humanos com as células não reprodutivas, ou somáticas, circundantes durante a maturação dos ovócitos, realizando a análise do transcriptoma através da técnica RNA-Seq.

Paralelamente, a equipa de investigadores do Porto perspetiva estudar o transcriptoma em amostras de placenta de perdas de gravidez espontâneas ao longo dos três trimestres de gestação.

Outra das etapas deste estudo consistirá em “agrupar diferentes populações celulares e, deste modo, determinar que tipos de células da placenta estão a contribuir para as possíveis alterações observadas na expressão génica”.

Dados remetidos à Lusa apontam que 10% a 15% das gravidezes conhecidas terminam em abortamento espontâneo.

Em cerca de 1% a 5% dos casais, a perda de gravidez é recorrente.

Existem várias causas e fatores de risco conhecidos, no entanto 50% dos casos de abortamentos recorrentes não têm explicação.