Nos Estados Unidos da América, foram já três os atores que representaram o Homem-Aranha nos cinemas desde o início deste século: Tobey Maguire, Andrew Garfield e Tom Holland. No Sudão, também há agora um Homem-Aranha que anda nas ruas a lutar contra o regime do país.
De acordo com um documentário do The Guardian, o Homem-Aranha do Sudão tornou-se num dos principais símbolos dos protestos que começaram em outubro de 2021. De azul e vermelho, e munido com uma bandeira do Sudão, dá uso à sua maior arma – a sua voz-, a qual junta à de milhares de manifestantes.
Durante os protestos, o seu amigo de infância foi morto pelas forças de segurança — acusadas, além de diversas mortes, de violar mulheres e “caçar” ativistas — e o fato de super-herói acabou por ser inspirado numa história que os acompanhou em criança. Os dois cresceram a ouvir falar de uma aranha que protegeu o profeta Maomé, ao selar a cave onde este se escondia com uma teia e assim evitando que os captores descobrissem o seu paradeiro.
Já em 2019, o ativista sudanês marcou presença nos protestos que levaram à queda do ditador Omar al-Bashir e à criação de um governo transitório — entretanto derrubado em outubro do ano passado.
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Os militares e os partidos contrarrevolucionários roubaram a revolução do Sudão”, disse ao jornal britânico. “São como o antigo governo de 30 anos, não há diferença entre eles e o Partido do Congresso Nacional de Omar al-Bashir. São ditadores e querem apenas controlo.”
O Homem-Arnaha do Sudão é ainda um dos membros do comité de resistência no país, responsáveis por coordenar ações localizadas de protestos no país.
As semelhanças com o super-herói da Marvel, contudo, não se ficam só pelo fato azul e vermelho. Tal como Peter Parker, o sudanês que inspira toda uma nação durante os protestos, é um cientista autodidata, e, quando não está a planear ou a participar em protestos, ensina ciência e robótica aos mais novos.
No documentário, é possível ver o Homem-Aranha do Sudão a circular pela cidade num motociclo vermelho, numa mensagem de união e de luta contra o regime, além de transmitir esperança às crianças, ensinando-lhes a história do país.
Pelo menos 95 pessoas terão já morrido nos protestos contra o atual regime do Sudão desde outubro, de acordo com o Comité Central de Médicos Sudaneses, citado pelo The guardian.