Já nos habituámos à ideia de que, nos veículos eléctricos, são os construtores jovens os mais criativos e os que dominam as mais avançadas tecnologias. Em 2019, ainda antes de começar a produzir em série a pick-up R1T (o que só viria a acontecer dois anos depois), a Rivian demonstrou as muitas habilidades do seu modelo eléctrico virado para o lazer e trabalho, equipado com quatro motores, um por roda. Entre os trunfos, figurava a capacidade de fazer as rodas da esquerda virar num sentido e as da direita no inverso, levando a R1T a girar sobre si própria, o que se convencionou apelidar de “virar à tanque”, uma vez que os carros de combate com lagartas também realizam esta manobra. Agora, três anos depois, a Mercedes mostra um protótipo do futuro EQG a realizar uma habilidade similar.
O EQG será a versão eléctrica do Classe G, o SUV mais radical da Mercedes que na versão com motor de combustão está equipado com um dos sistemas 4×4 mais respeitados do mercado, sendo robusto e muito eficaz em qualquer tipo de piso. O EQG não irá recorrer a diferenciais central, frontal e traseiro bloqueáveis, mas montará um motor por roda, o que lhe permite controlar separadamente cada uma delas. E para fazer girar um SUV sobre si próprio, o que facilita manobras como a inversão de marcha ou descrever curvas muito apertadas em caminhos estreitos, virar como um tanque é uma solução que se pode tornar muito útil, ainda que apenas se possa utilizar em pisos de baixa aderência, como terra ou neve.
Além da Rivian, que provou que era possível fazer funcionar esta tecnologia, também a Tesla já mostrou a Cybertruck a realizar a mesma manobra, algo que não acontecia de início, quando foi apresentada. A Hummer EV, a pick-up da General Motors (GM), também já demonstrou a vontade de perseguir uma maior agilidade em termos de capacidade de manobra, mas de forma distinta. Em vez dos quatro motores e da capacidade de girar sobre si próprio, o modelo da GM recorre à direcção das rodas traseiras para realizar uma inversão de marcha num raio inferior. Esta alternativa é menos eficiente, em termos de espaço de manobra, mas mais versátil no que respeita ao tipo de piso e menos exigente no esforço a que submete a transmissão e os pneus. Consegue ainda andar de lado como os caranguejos, recorrendo à direcção às quatro rodas, com todas a apontar para o mesmo lado.
Do EQG pouco se sabe, além de que monta quatro motores, cada um associado à sua roda, como o vídeo abaixo confirma. Como a Mercedes também já usa quatro rodas direccionais em alguns dos seus modelos topo de gama, é possível que o EQG venha a recorrer igualmente a esta solução, o que melhorará a capacidade de manobra em asfalto. E já que a marca alemã está a demonstrar uma certa tendência para imitar a concorrência, como aconteceu com a Rivian e o “virar à tanque”, não é impossível que também o “andar à caranguejo” (obliquamente), como acontece na Hummer EV, seja outra habilidade que venha a surgir no SUV de linhas angulosas da Mercedes, que pode ver abaixo, ainda como protótipo: