Macau é a única região sem cobertura 5G entre as cidades da Grande Baía, apesar de a operadora local CTM já ter investido 600 milhões de patacas (69,5 milhões de euros) no sistema, informou a empresa.

“Somos a única cidade sem 5G na área da Grande Baía”, afirmou nesta quarta-feira o vice-presidente para os Serviços da Rede da Companhia de Telecomunicações de Macau, durante uma apresentação da tecnologia de quinta geração aos jornalistas.

Declan Leong apontou que, na China continental, onde o serviço foi lançado em 2019, “já existe uma cobertura 5G muito boa em todo o lado”, nomeadamente “nas cidades de nível 1 [maiores cidades do país], de nível 2 [segundo grupo de grandes cidades] e até de nível 3 [de menor dimensão]”

A Grande Baía é um projeto de Pequim que tem como objetivo criar uma metrópole mundial a partir das regiões administrativas especiais de Macau e de Hong Kong e nove cidades da província de Guangdong (Cantão, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen, Huizhou e Zhaoqing, além de Hong Kong e Macau), onde vivem mais de 60 milhões de habitantes.

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A CTM começou a investir na rede 5G em Macau em 2020 e “tem estado pronta para explorar comercialmente” o sistema desde junho do ano passado, assegurou também o vice-presidente dos Assuntos Legais e Regulatórios da empresa, Aguinaldo Wahnon, reforçando que falta apenas a atribuição de uma licença para iniciar as operações.

O Secretário para as Obras Públicas e Transportes disse, há uma semana, que esta tecnologia é uma prioridade e que deverá ser lançada até ao final do ano, de acordo com a Rádio Macau.

“Estamos agradavelmente surpreendidos e, nesta perspetiva esperamos que a licença possa ser emitida o mais cedo possível”, reagiu Aguinaldo Wahnon.

A operadora investiu mais de 600 milhões de patacas na rede 5G e espera gastar mais dois mil milhões nos próximos cinco anos, ainda segundo o também diretor executivo da CTM.

Questionado sobre as razões que poderão estar por detrás do atraso do licenciamento, Aguinaldo Wahnon disse que “são questões complicadas”.

“Não é da noite para o dia que se reformula legislação do setor que já tem décadas, é preciso legislar com cuidado até porque o mercado é complicado, apesar de ser de pequena escala”, notou o responsável, frisando, porém, que o licenciamento pode ser emitido “com base na legislação existente”.

“E há outras prioridades. Meteu-se, entretanto, a Covid e o governo teve outros planos mais urgentes para resolver”, acrescentou o vice-presidente dos Assuntos Legais e Regulatórios da CTM, referindo-se aos novos “desenvolvimentos no setor do jogo”.

O jogo representa cerca de 80% das receitas do Governo e 55,5% do Produto Interno Bruto de Macau, numa indústria que emprega mais de 80 mil pessoas, ou seja, 17,23% da população ativa.

Neste momento, estão a ser analisadas duas novas leis que estabelecem regras mais duras para o setor, sendo que o Governo já admitiu que poderá criar outros atos normativos para regulamentar a indústria dos casinos em Macau.